sábado, 14 de novembro de 2009

A facilidade atual da Cultura da informação


A facilidade atual da Cultura da informação

Nunca uma geração foi tão bem informada como a de hoje. Basta um CD para armazenar o conteúdo de 300.000 livros. A aceleração das publicações de todo tipo nos amedronta. Em horas, ou talvez minutos, produzem-se, hoje, mais publicações que em um ano ou em décadas da Idade Média.
Se traduzíssemos os conhecimentos em “bytes”, um aluno que se prepara para a educação superior, deveria armazenar mais “bytes” que Santo Tomás de Aquino gastou em tida sua Suma Theológica. Entretanto, jamais se pode comparar, nem de hoje, a cultura do Angélico com as cabeças confusas da juventude hodierna.

Os escritores antigos viviam à míngua de informações. Hoje, basta um clique e ei-nos conectados pela internet com mais de um bilhão de possíveis “portais” informativos. Tantas informações, mas tudo repleto de nada, tudo superlotado de nada, tudo vazio de tudo, de vida sem sentido, de vida sem chegada.

Diante desse novo universo de imagens, novos hábitos se vão criando por obra e graça de um borboletear permanente de “sitio” a sitio, de “portal” a portal, de “canal” a canal. A inteligência e a memória navegam com a velocidade parecida com a da luz, de modo que nada se lhe adere.
É a pura sensação. Adrenalina em vez de pensamento. Nesse momento entra o que significa “aprender a conhecer”, “aprender a pensar”. Algo bem diferente de restringir-se a freqüentar essas fontes borbulhantes de cascatas informativas; embora tudo isso faça parte, também do aprendizado atual, exige outro gênero de registro mental.

Aprender a conhecer é inserir todo conhecimento no varal do passado, é percebê-lo na atualidade do presente e vislumbrá-lo em sua densidade de futuro.

O importante agora é saber relacionar, contextualizar, em busca de uma verdadeira articulação dos elementos que pareciam fragmentados, em seus conjuntos no mar infinito de ondas passageiras. Pensar, com efeito, é analisar e sintetizar, é separar e unir. Esse jogo de operação mental estimula o pensar. O pensamento atual acentua, demasiadamente, a análise.

Em busca do equilíbrio, cabe insistir na síntese, na ligação estrutural do jogo das palavras no pensar inclusivo que sintetiza o nosso pensamento.

Artigo capturado no Jornal Gazeta de Alagoas/caderno de Política – folha A3 /terça-feira, 06 de outubro de 2009. Texto creditado à Dom Fernando Iório Bispo emérito de Palmeira dos Índios e presidente da Academia Alagoana de Letras.

sábado, 7 de novembro de 2009

Cultura de Massa - uma outra definição




Cultura de Massa - uma outra definição

Não é de hoje que a cultura de massa existe, antes mesmo de o Brasil virar republica o modismo já estava presente, como por exemplo, quando a corte portuguesa veio pro Brasil as mulheres rasparam a cabeça por causa do piolho, e as mulheres que já viviam aqui achando que era uma moda em Portugal rasparam a cabeça também.

A cultura de massa gira em torno do modismo,consumismo e acima de tudo na influencia que outras pessoas ou até mesmo marcas podem exercer sobre os outros.A cada dia que passa as pessoas são cada vez mais ligadas as novas tecnologias e acabam ate mesmo deixando de viver para se adequar a um padrão estabelecido pela sociedade, sendo capazes de fazer loucuras para obter o “sucesso” proposto.

sábado, 31 de outubro de 2009

Industrialização Cultural

Industrialização Cultural o que é...

Indústria cultural é o nome dado à empresas e instituições que trabalham com a produção de projetos, canais, jornais, rádios, revistas e outras formas de descontração, baseadas na cultura, visando o lucro. Sua origem se deu através da sociedade capitalista que transformou a cultura num produto comercializado.

Mais ressaltando mais algumas teses englobadas na discussão de que, a cultura em si, é comercializada e obtida somente pela burguesia.Essa é uma das teses menos ressaltadas quando citados em culturas. Todas as pessoas, que interagem em uma sociedade querem e podem obter nas principais formas de aprendizagem, e obtenção de cultura, tornando-se uma pessoa culta!

A principal forma cultural construída por essas indústrias é a televisão, que ensina e forma indivíduos cada vez mais cedo. Nela podem-se observar diferentes temas e culturas expostas a qualquer horário e idade. Os conteúdos nela existentes possuem mensagens subliminares que conseguem escapar da consciência, o que tende a provocar alienação.

Diante disso, pode-se perceber este meio cultural como um produto bom que é capaz de mostrar conteúdos reveladores e contribuir para o desenvolvimento humano e um produto ruim capaz de alienar uma pessoa, levando-a a pensar e agir como lhe é proposto sem qualquer tipo de argumentação.

No Brasil, a indústria cultural não é natural, pois foca temas, assuntos e culturas estrangeiras no lugar de ensinar e incentivar o interesse sobre a história e as tradições do próprio Brasil. Infelizmente, a triste realidade brasileira é que são focados apenas objetos de compra e venda e não a propriamente cultura no qual esta se propunha. A produção realizada pela indústria cultural é centralizada no interesse lucrativo, o que impõe um determinado padrão a ser mostrado que transforma o espectador numa pessoa de crítica rebaixada e de mente feita apenas por produtos e meios de comunicação, que fazem desses mesmos, apenas mais alguns hipnotizados.

sábado, 24 de outubro de 2009

O conceito de Identidade


O conceito de Identidade


Identidade é a igualdade completa. Cultural é um adjetivo de saber. Logo, a junção das duas palavras produz o sentido de saber se reconhecer. Muitas questões contemporâneas sobre cultura que se relacionam com questões sobre identidade. A discussão sobre a identidade cultural acaba influenciada por questões sobre: gênero, raça, história, nacionalidade, orientação sexual, crença religiosa e etnia.


Na percepção individual ou coletiva da identidade, a cultura exerce um papel principal para delimitar as diversas personalidades, os padrões de conduta e ainda as características próprias de cada grupo humano. A influência do meio constantemente modifica um ser já que nosso mundo é repleto de inovações e características temporárias, os chamados "modismos".

No passado as identidades eram mais conservadas devido à falta de contato entre culturas diferentes; porém, com a
globalização, isso mudou fazendo com que as pessoas interagissem mais, entre si e com o mundo ao seu redor. Uma pessoa que nasce em um lugar absorve todas as características deste, entretanto, se ela for submetida a uma cultura diferente por muito tempo, ela adquirirá características do novo local onde está agregada.

Para o teórico Milton Santos, o conhecimento e o saber se renovam do choque de culturas, sendo a produção de novos conhecimentos e técnicas, produto direto da interposição de culturas diferenciadas - com o somatório daquilo que anteriormente existia. Para ele, a globalização que se verificava já em fins do século XX tenderia a uniformizar os grupos culturais, e logicamente uma das conseqüências seria o fim da produção cultural, enquanto gerador de novas técnicas e sua geração original. Isto refletiria, ainda, na perda de identidade, primeiro das coletividades, podendo ir até ao plano individual.

Segundo Stuart Hall (1999) uma identidade cultural enfatiza aspectos relacionados ao nosso pertencimento a culturas étnicas, raciais, lingüísticas, religiosas, regionais e/ou nacionais. Ao analisar a questão, este autor focaliza particularmente as identidades culturais referenciadas às culturas nacionais. Para ele, a nação é além de uma entidade política – o Estado –, ela é um sistema de representação cultural (grifos do autor).

Noutros termos, a nação é composta de representações e símbolos que fundamentam a constituição de uma dada identidade nacional. Segundo Hall (1999), as culturas nacionais produzem sentidos com os quais podemos nos identificar e constroem, assim, suas identidades. Esses sentidos estão contidos em estórias, memórias e imagens que servem de referências, de nexos para a constituição de uma identidade da nação.

Entretanto, segundo Hall (1999), vivemos atualmente numa “crise de identidade” que é decorrente do amplo processo de mudanças ocorridas nas sociedades modernas. Tais mudanças se caracterizam pelo deslocamento das estruturas e processos centrais dessas sociedades, abalando os antigos quadros de referência que proporcionavam aos indivíduos uma estabilidade no mundo social.

A modernidade propicia a fragmentação da identidade. Conforme ele, as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade não mais fornecem “sólidas localizações” para os indivíduos. O que existe agora é descentramento, deslocamentos e ausência de referentes fixos ou sólidos para as identidades, inclusive as que se baseiam numa idéia de nação.

HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. 3º ed. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1999.

sábado, 17 de outubro de 2009

Revalorização da identidade cultural e a globalização




Revalorização da identidade cultural e a globalização
No post de hoje, reviso algumas idéias referentes ao processo de globalização da sociedade realizando uma pequena análise de suas repercussões sobre formação da identidade cultural.

“O processo de globalização leva a sociedade a ver o mundo como “um só lugar” ”.

A frase acima é utilizada com freqüência para caracterizar a sociedade contemporânea. Vista isoladamente, sugere que a sociedade tende a se unificar, anulando as diversidades e as culturas regionais. No entanto, a dinâmica societária traz evidências contrárias. Autores como Canclini, Castells, Featherstone, Giddens, Hall e Ianni evidenciam, em recentes estudos, que a atual fase da globalização vem provocando reações que buscam uma redescoberta das particularidades, das diferenças e dos localismos.

O processo de globalização estabelece uma nova relação entre as culturas locais e a cultura global. A disseminação da cultura mundializada influencia os padrões de comportamento, provocando uma valorização da tradição e um fortalecimento dos regionalismos manifestos na identidade cultural.

A identidade cultural é vista como uma forma de identidade coletiva característica de um grupo social que partilha as mesmas atitudes e, está apoiada num passado com um ideal coletivo projetado. Ela se fixa como uma construção social estabelecida e faz os indivíduos se sentirem mais próximos e semelhantes.

O processo de revalorização das particularidades e dos localismos culturais é inegável no atual momento histórico social. Ao mesmo tempo em que são incorporados costumes e valores de outras culturas aos hábitos do cotidiano, em todas as latitudes, os localismos voltam a ser valorizados. Há uma busca das particularidades e o senso de diferença se intensifica cada vez mais em todas as regiões do planeta.

sábado, 10 de outubro de 2009

Cultura de massa x Cultura popular


Cultura de massa x Cultura popular

Qual a diferença entre cultura popular e cultura de massa?

A cultura em determinada região pode ser considerada regional ou popular, possui traços típicos.A cultura de massa extrapola limites de territorialidade, a mídia produz a massificação da cultura.

Chama-se cultura de massa toda cultura produzida para a população em geral — a despeito de heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas — e veiculada pelos meios de comunicação de massa. Enfim, cultura de massa, é toda manifestação cultural produzida para o conjunto das camadas mais numerosas da população; o povo, o grande público.
Como conseqüência das tecnologias de comunicação surgidas no século XX, e das circunstâncias configuradas na mesma época, a cultura de massa desenvolveu-se a ponto de ofuscar os outros tipos de cultura anteriores e alternativos a ela. Antes de haver cinema, rádio e TV, falava-se em cultura popular, em oposição à cultura erudita das classes aristocráticas; em cultura nacional, componente da identidade de um povo; em cultura , conjunto historicamente definido de valores estéticos e morais; e num número tal de culturas que, juntas e interagindo, formavam identidades diferenciadas das populações.
A chegada da cultura de massa, porém, acaba submetendo as demais “culturas” a um projeto comum e homogêneo — ou pelo menos pretende essa submissão. Por ser produto de uma indústria de porte internacional (e, mais tarde, global), a cultura elaborada pelos vários veículos então surgentes esteve sempre ligada intrinsecamente ao poder econômico do capital industrial e financeiro. A massificação cultural, para melhor servir esse capital, requereu a repressão às demais formas de cultura — de forma que os valores apreciados passassem a ser apenas os compartilhados pela massa.
A cultura popular, produzida fora de contextos institucionalizados ou mercantis, teve de ser um dos objetos dessa repressão imperiosa. Justamente por ser anterior, o popular era também alternativo à cultura de massa, que por sua vez pressupunha — originalmente — ser hegemônica como condição essencial de existência.
O que a indústria cultural percebeu mais tarde (e Adorno constatou, pessimista), é que ela possuía a capacidade de absorver em si os antagonismos e propostas críticas, em vez de combatê-lo. Desta forma, sim, a cultura de massa alcançaria a hegemonia: elevando ao seu próprio nível de difusão e exaustão qualquer manifestação cultural, e assim tornando-a efemêra e desvalorizada.
A “censura”, que antes era externa ao processo de produção dos bens culturais, passa agora a estar no berço dessa produção. A cultura popular, em vez de ser recriminada por ser “de mau gosto” ou “de baixa qualidade” , é hoje deixada de lado quando usado o argumento mercadológico do “isto não vende mais” — depois de ser repetida até exaurir-se de qualquer significado ideológico ou político.
No contexto da indústria cultural — da qual a mídia é o maior porta-voz — são totalmente distintos e independentes os conceitos de “popular” e “popularizado”, já que o grau de difusão de um bem cultural não depende mais de sua classe de origem para ser aceito por outra. A grande alteração da cultura de massa foi transformar todos em consumidores que, dentro da lógica iluminista, são iguais e livres para consumir os produtos que desejarem. Dessa forma, pode haver o “popular” (i.e., produto de expressão genuína da cultura popular) que não seja popularizado (“que não venda bem”, na indústria cultural) e o “popularizado” que não seja popular (vende bem, mas é de origem elitista).

sábado, 3 de outubro de 2009

A cultura do consumo

A cultura do consumo


Vivemos em uma sociedade que gira em torno das mercadorias. A partir delas, os indivíduos comunicam-se e sentem-se incluídos no coletivo. O ato de possuir ou desejar bens tornam os indivíduos ''distintos ou iguais'' aos demais membros de seu grupo sócio-cultural.

De acordo com Baudrillard (1993,), qualquer bem, para que seja consumido deve se transformar primeiro em signo. Assim, o consumo consiste em uma relação ativa, estabelecida entre objetos, sujeitos e mundo.

Para Canclini (1997) o signo é caracterizado pelo conjunto de implicações simbólicas que vêm associadas a um determinado objeto e é atribuído socialmente. O valor de símbolo difere dos valores que a sociedade estabelece para um determinado objeto e é atribuído individualmente.

Também para Vestergaard e Schroder (1996,p.05): (...) ao consumir bens estamos satisfazendo ao mesmo tempo necessidades materiais e sociais. Os vários grupos sociais identificam-se por suas atitudes, maneiras, jeito de falar e hábitos de consumo – por exemplo – pelas roupas que vestem. Desta forma, os objetos que usamos ou consumimos deixam de ser meros objetos de uso para se transformar em veículos de informação sobre o tipo de pessoas que somos ou gostamos de ser.

Neste sentido, os veículos da comunicação de massa atuam de forma a possibilitar uma uniformização dos padrões referenciais de consumo, as mesmas mercadorias seriam desejadas, independente do grupo social a que o indivíduo pertença. A TV é o meio de comunicação em massa mais forte, pois ela atinge a grande maioria dos consumidores, e principalmente, passou a ser um elemento de regulação da vida cotidiana. Por outro lado, a mídia impressa, especialmente, as revistas femininas, possui o foco voltado para a divulgação de produtos que estimulam os interesses das mulheres, tidas como consumistas natas.

Na prática ou pelo menos, ideologicamente, o consumo atinge a todos, pois as classes ditas ''médias'' e os trabalhadores mais pobres sofrem o mesmo tipo de pressão para que consumam. Ambos desejam ou necessitam desejar a participação neste mesmo sistema, idéia de estar adquirindo uma mercadoria de novo valor.

Dessa forma, as mídias foram responsáveis pelo processo de relativa unificação do campo do simbólico do consumo, por meio da difusão das mercadorias consideradas consensualmente como objetos de desejo. As mercadorias constituem o fundamento da existência do consumo. Isto faz com que elas sejam criadas infinitamente, pois serão logo destruídas e substituídas.

O consumo como uma das dimensões do processo comunicacional, relacionando-os com práticas e apropriações culturais dos diversos sujeitos envolvidos no sistema, “as práticas de consumo têm grande importância nas relações comunicacionais que vem se estabelecendo na sociedade contemporânea” Canclini (1999).

Os grupos sócio-culturais possuem ou desejam possuir determinadas mercadorias que atuam como elementos de distinção independente de suas condições materiais. Assim, as imagens moldam o posicionamento social, levam por vezes ao consumo de imagens do feminino nos produtos culturais.

O interessante na cultura do consumo é que, na era nômade havia trocas de mercadorias de acordo com as necessidades orgânicas dos indivíduos. No atual sistema de consumo, as imagens são produtos de primeira necessidade.

sábado, 26 de setembro de 2009

Identidade cultural

Como a temática está sempre em evidencia, no post de hoje trago um pouco mais sobre identidade cultural mostrando que segundo teorias recentes, o tema da identidade cultural se constrói de forma múltipla e dinâmica. Boa leitura!

A identidade cultural é um conjunto vivo de relações sociais e patrimônios simbólicos historicamente compartilhados que estabelece a comunhão de determinados valores entre os membros de uma sociedade. Sendo um conceito de trânsito intenso e tamanha complexidade, podemos compreender a constituição de uma identidade em manifestações que podem envolver um amplo número de situações que vão desde a fala até a participação em certos eventos.
Durante muito tempo, a idéia de uma identidade cultural não era devidamente problematizada no campo das ciências humanas. Com o desenvolvimento das sociedades modernas, muitos teóricos tiveram grande preocupação em apontar o enorme “perigo” que o avanço das transformações tecnológicas, econômicas e políticas poderiam oferecer a determinados grupos sociais. Nesse âmbito, principalmente os folcloristas, defendiam a preservação de certas práticas e tradições.
Por outro lado, algumas recentes teorias culturais desenvolvidas no campo das Ciências Humanas desempenharam o papel inovador de questionar o próprio conceito de identidade cultural. De acordo com essa nova corrente, muito em voga com o desenvolvimento da globalização, a identidade cultural não pode ser vista como sendo um conjunto de valores fixos e imutáveis que definem o indivíduo e a coletividade a qual ele faz parte.
Um dos mais conhecidos exemplos dessa nova tendência que pensa a questão das identidades pode ser encontrada na obra do pesquisador Nestor Garcia Canclini. Em vários de seus escritos, este pensador tem a recorrente preocupação de analisar diversas situações onde mostra que a cultura e as identidades não podem ser pensadas como um patrimônio a ser preservado. Longe disso, ele assinala que o intercâmbio e a modificação são caminhos que orientam a formulação e a construção das identidades.
Com esses referenciais, antigos problemas que organizavam os estudos culturais perdem a sua força para uma visão de natureza mais ampla e flexível. A antiga dicotomia que propunha a cisão entre “cultura popular” e “cultura erudita”, por exemplo, deixa de legitimar a ordenação das identidades por meio de pressupostos que atestavam a presença de esferas culturais intocáveis em uma mesma sociedade. Além disso, outras investigações cumpriram o papel de questionar profundamente o clássico conceito de aculturação.
Partindo dessas novas noções de identidade, antigos temas relacionados à cultura que aparentavam completo esgotamento ganharam um novo fôlego interpretativo. As identidades passaram a ser trabalhadas com definições menos rígidas. Diversos estudos vão contra a idéia de que uma população deve abraçar a sua cultura e garantir todas as formas possíveis de cristalizá-la. Dessa forma, presenciamos a abertura de novas possibilidades de entender o comportamento do homem com seu mundo.
Até a próxima!!

sábado, 19 de setembro de 2009

.: O que é História Cultural

Dentro da perspectiva de resgate de diversos textos condensados por mim nestes últimos anos, trago hoje um pequeno resumo de um livro de Peter Buker,

O que é história cultural? A pergunta, formulada há mais de um século, até hoje não obteve resposta satisfatória.

Sem a pretensão de esgotar um tema tão complexo, o autor procura explicar a emergência, a partir da década de 1970, dos aspectos culturais do comportamento humano como centro privilegiado do conhecimento histórico, o que ele chama de ''virada cultural''.

Esse modo de compreender a história resultou em um certo abandono dos esquemas teóricos generalizantes, com a valorização de grupos particulares, em locais e períodos específicos.

Assim, surgiram trabalhos sobre gênero, minorias étnicas e religiosas, hábitos e costumes, incorporando metodologias e conceitos de outras disciplinas.

Burke é um historiador cultural que põe em prática algumas das diferentes abordagens discutidas nesse livro - como a recusa do conceito de civilização, a expansão da idéia de cultura e a concepção da história como narrativa.

São aqui tratadas, em ordem cronológica, as principais formas pelas quais a história cultural foi e ainda é escrita, com especial atenção para as tradições comuns aos atuais historiadores, assim como para seus conflitos e debates.

Ao final do volume, o autor apresenta uma lista de obras que marcaram o desenvolvimento da disciplina e sugestões de leitura sobre o tema.

Fonte: BURKE, Peter. O que é História Cultural? Editora Zahar. RJ: 2008.

sábado, 12 de setembro de 2009

O papel da mídia no consumismo

Os órgãos midiáticos são os maiores responsáveis pela compulsividade consumista dos últimos tempos. Com propagandas apelativas e com o alto poder de persuasão, a televisão influencia a sociedade à prática do consumismo.

Tal poder de influência da mídia a torna capaz de distorcer ilusoriamente a natureza de certos produtos, transformando o supérfluo em essencial. Esta transformação vem causando uma exagerada valorização material por parte da sociedade, e atribuindo ao homem a necessidade psicológica de comprar mais, e cada vez mais.

A supervalorização material é um grave problema, pois faz com que as pessoas gastem mais do que possuem. Ou pior, muitas vezes é responsável pelo desvio de conduta do homem, pois este passa a priorizar a posse, mesmo que para obtê-la seja necessário ignorar princípios éticos e morais.

A mídia brasileira está recheada de informações fúteis e alienadoras, bem como de vários programas que têm como a finalidade exclusiva de promover a própria emissora. Um bom exemplo é o programa Vídeo Show, que promove as "estrelas" da própria Rede Globo desde o primeiro até o último minuto da exibição.

Uma séria intervenção política, na área da comunicação, é essencial para mudar o quadro de alienação populacional causada pela televisão. Impulsionar o desenvolvimento de programas educativos que conscientizem a população dos problemas sociais e econômicos do país e, ao mesmo tempo, fiscalizar os conteúdos abusivos das propagandas televisivas, são medidas que devem contribuir decisivamente para diminuir o problema do consumismo.

Melhorar este quadro de ignorância populacional é possível, sim, mas é algo que só se concretizará quando o Estado deixar de preocupar-se com o domínio da massa através da alienação, e passar a priorizar o desenvolvimento social, usufruindo primordialmente da educação.

sábado, 5 de setembro de 2009

A História do Nordeste – Na voz de Luiz Gonzaga

Durante a história da música popular brasileira, vem os ritmos do longínquo nordeste ganhando foros de civilização, deixando as rústicas cabanas de taipa – onde é dançada no chão de barro batido, à luz bruxoleante de fumacentos lampiões – para ascender aos mais aristocráticos ambientes.

Todavia, há um fato importante a observar, a popularidade da música nordestina (côco, rojão, frevo, baião, etc.) se deve a um sanfoneiro, um músico e compositor que fez escola. Trata-se evidentemente, de Luiz Gonzaga, carinhosamente apelidado de “Lua”.

Luiz Gonzaga aproveitou motivos de sua terra e incorporou-se em luzentes composições musicais representados neste álbum. Gravado pela RCA Victor esse LP de 8 polegadas apresenta oito números bem representativos da literatura musical nordestina, seis dos quais de co-autoria do próprio Gonzaga.

A história do nordeste – Na voz de Luiz Gonzaga RCA Victor - 1954
faixas:
01 – Paraíba (Humberto Teixeira – Luiz Gonzaga)
02 - Respeita Januário (Humberto Teixeira – Luiz Gonzaga)
03 - Saudade de Pernambuco (Sebastião Rosendo – Salvador Miceli)
04 - O Xote das Meninas (Zé Dantas – Luiz Gonzaga)
05 - O ABC do Sertão (Zé Dantas – Luiz Gonzaga)
06 – Acauã (Zé Dantas)
07 – Algodão (Zé Dantas – Luiz Gonzaga)
08 - Asa Branca (Humberto Teixeira – Luiz Gonzaga)

Fonte: http://www.forroemvinil.com
Acesso em 03 setembro 2009

sábado, 29 de agosto de 2009

Cultura brasileira é resultado da miscigenação de três povos

A palavra folclore foi utilizada pela primeira vez num artigo do arqueólogo William John Thoms, publicado no jornal londrino "O Ateneu", em 22 de agosto de 1846 (por isso 22 de agosto é o dia do folclore). Ela é formada pelos termos de origem saxônica: "folk" que significa "povo" e "lore" que significa "saber". Portanto o "folklore" é o saber do povo ou a sabedoria popular. No Brasil, a palavra adaptada tornou-se "folclore".
Em todas as partes do mundo, cada povo tem seu folclore, sua forma de manifestar suas crenças e costumes. O folclore se manifesta na arte, no artesanato, na literatura popular, nas danças regionais, no teatro, na música, na comida, nas festas populares como o carnaval, nos brinquedos e brincadeiras, nos provérbios, na medicina popular, nas crendices e superstições, mitos e lendas.
O folclore é o conjunto das criações de uma comunidade cultural, baseadas nas tradições de um grupo ou indivíduos, que expressam sua identidade cultural e social, além das normas e valores que se transmitem oralmente, passando de geração em geração.
Mitos e lendas

As lendas misturam fatos reais e históricos com a fantasia e procuraram dar explicação aos fatos da vida social de uma determinada comunidade. Os mitos, tão antigos quanto a própria humanidade, são narrativas que possuem um forte simbolismo e foram criados pelos povos primitivos para explicar as coisas que não entendiam, como os fenômenos da natureza.
No Brasil, o folclore foi resultado da miscigenação de três povos (indígena, português e africano) e da influência dos imigrantes de várias partes do mundo. Por isso, nosso país tem uma tradição folclórica variada, rica e muito peculiar. Em cada região brasileira, o folclore apresenta semelhanças e diferenças.
Câmara Cascudo

Um grande estudioso do folclore nacional foi Luís da Câmara Cascudo, nascido em Natal, no Rio Grande do Norte em 1898 e autor de mais de 150 livros. Ainda hoje, a obra de Câmara Cascudo é uma referência imprescindível para se tratar do folclore, até porque diversas expressões folclóricas brasileiras por ele documentadas já desapareceram e não podem mais ser observadas.
O folclore, em especial a partir do século 20, serviu de base para a produção da arte culta brasileira. Os exemplos estão presentes em todas as artes. O pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi fez das bandeiras das festas juninas um elemento freqüente de seus quadros e gravuras. O compositor fluminense Villa-Lobos aproveitou-se de temas do folclore em sua obra musical.
Mário de Andrade e Ariano Suassuna

Na literatura, há no mínimo três autores de importância indiscutível que se utilizaram de elementos da cultura popular. O paulista Mário de Andrade, grande estudioso do folclore, escreveu sua obra-prima, "Macunaíma", reunindo com olhar irônico e crítico inúmeras narrativas do folclore brasileiro.
O mineiro João Guimarães Rosa, autor de "Grande Sertão: Veredas" - um clássico da literatura nacional - tematiza a vida do sertanejo e trabalha tanto elementos característicos de narrativas folclóricas, quanto a própria forma sertaneja de uso da língua portuguesa. Da mesma maneira, o paraibano Ariano Suassuna compôs uma ampla obra teatral baseada na tradição folclórica nordestina. Como exemplo, podem-se citar "O Auto da Compadecida" ou "A Pena e a Lei", sem falar no monumental "Romance da Pedra do Reino".
Mazzaropi e Zé do Caixão

Convém lembrar que o folclore brasileiro - ligado ao universo rural, pois a industrialização do país é recente, em termos históricos - chegou a influenciar nossos meios de comunicação de massa. O ator e diretor
Amacio Mazzaropi levou o caipira do interior paulista para as telas do cinema. O animador de programas de auditório Abelardo Chacrinha Barbosa fez enorme sucesso na TV utilizando-se elementos de festas populares do Nordeste, como as disputas entre cordões (o encarnado e o azul), que eram mediados por um Velho, a quem Chacrinha personificava.
Nos meios de comunicação de massa, como o cinema, a estética dos circos mambembes que percorriam o interior do país também podem ser encontradas em produções cinematográficas inusitadas como os filmes de terror José Mojica Marins, conhecido como Zé do Caixão.
Um pouco de música

Em matéria de música folclórica, também chamada de "música de raiz", Inezita Barroso é uma grande pesquisadora.
Na próxima tem mais!!!!

sábado, 22 de agosto de 2009

Cultura em movimento: A Identidade Cultural

imagem capturada na web

Cultura em movimento: A Identidade Cultural

Desde o surgimento do homem, após o agrupamento do mesmo e o convívio social, uma troca de experiências e reciprocidade foi estabelecida.

Todo o conjunto de conhecimentos e modos de agir e pensar dá origem à cultura, toda sociedade tem a sua, pois não existe sociedade sem cultura, independentemente do lugar.

Um recém nascido em seus primeiros minutos já começa, de certa maneira, a se socializar, pois existem várias pessoas ao seu redor criando uma relação social e cultural, quando estiver falando ou aprendendo a falar ele vai adquirir uma língua que é sem dúvida uma herança cultural, sem contar o seu modo de vestir que vai variar conforme o país, a alimentação, os rituais entre outros.

A identidade cultural caracteriza as pessoas pelo modo de agir, de falar, é como se as “rotulasse” a partir dos modos específicos de sua cultura.

A cultura é fruto da miscigenação de diferentes povos que introduziram seus hábitos e costumes, com o contato de uma cultura e outra, pode gerar uma cultura ainda mais diferente.

A identidade cultural move os sentimentos, os valores, o folclore e uma infinidade de itens impregnados nas mais variadas sociedades do mundo, e apresenta o reflexo da convivência humana.

sábado, 15 de agosto de 2009

Cultura: entenda o que essa palavra significa

Definir cultura não é uma tarefa simples. Várias noções têm perpassado os tempos e, ainda hoje, podemos dizer que o termo cultura encontra-se num processo de ajuste constante de sua definição.

Um dos seus significados originais aponta para "cultivo agrícola", referindo-se ao que cresce naturalmente. Inicialmente, a cultura estava associada a algo que era material e, a partir de um desdobramento histórico (a passagem da civilização de uma vida rural para a vida concentrada em centros urbanos), o termo assumiu sentido no âmbito intelectual.

Da raiz latina colere, cultura pode significar desde cultivar e habitar a adorar e proteger, levando ao termo "culto", utilizado no sentido religioso. Assim, a cultura estende-se para o domínio das artes sagradas, além de significar as tradições de um povo, a serem protegidas e veneradas.

Cultura e civilização

Assim, ao se aproximar da definição que nos interessa neste artigo, o termo se afasta do seu sentido original. A cultura, agora marcada pela sua identidade com o espaço urbano, dota aqueles que aí vivem de certos atributos: ser culto significa compreender regras que determinam um refinamento presente nas relações sociais. Isto aparece em oposição ao campo, que seria um espaço de não-cultura.

Raymond Williams dedicou-se a estudar a noção de cultura em toda a sua complexidade. Em uma proposta de definição, este autor sugere que, a partir do século 18, cultura seria sinônimo de "civilização", integrando-se a um processo geral de progresso intelectual, espiritual e material. Neste terreno, costumes e moral fazem parte do amplo sentido aí atribuído, levando em conta que ser civilizado compreende "não cuspir no tapete, assim como não decapitar seus prisioneiros de guerra" (EAGLETON, 2000).

Desse modo, cultura e civilização confundem-se, gerando uma ambigüidade que se manteria até finais do século 19, quando suas noções vão se tornando distintas e, em certa medida, antagônicas.

Civilização adquire um sentido de caráter sociável, cordialidade e maneiras agradáveis, apresentando-se como um utilitário nas relações sociais; cultura, por sua vez, torna-se algo que diz respeito ao espiritual, ao crítico, ao sensível, enfatizando os altos princípios humanos.

Essa rivalidade mantinha-se ainda como um jogo de oposição política e ideológica criada entre aristocracia e burguesia, respectivamente, entre tradição e modernidade.

Conjunto de manifestações

Em princípios do século 20, a noção de cultura vai tomando contornos de pluralidade: fala-se nas culturas de diferentes nações e períodos, bem como de diferentes culturas dentro de uma mesma nação, em um mesmo período.

Há um progressivo despontar da cultura como um conjunto de elementos caracterizadores de grupos específicos enquanto "políticas de identidade", incluindo os movimentos de minorias.

No entanto, quando o conceito de cultura vê-se pluralizado, torna-se difícil manter seu caráter positivo; ao falarmos em pluralidade cultural, assumimos que podemos nos referir à "cultura da máfia" ou à "cultura dos serial killers" enquanto grupos detentores de uma identidade coesa. Porém, a aceitação destas formas de cultura está comprometida, pois se incompatibiliza com os valores da sociedade vigente.

Por outro lado, este alargamento da noção de cultura permite contribuições importantes, uma vez que ela passa a ser entendida enquanto um todo de manifestações compartilhadas nos diferentes domínios de um grupo (artístico, lingüístico, econômico, social, etc.). E, tal como o foi em outros períodos, a noção de cultura segue seu percurso, sendo redefinida de acordo com as ênfases econômicas, políticas e ideológicas particulares a um momento histórico.

Por fim, a definição de cultura conhece em nossos dias uma amplitude de seu significado. Falamos em cultura de massas e cultura de minorias; compreendemos que não há culturas melhores que outras, mas sim uma diversidade delas; e podemos identificá-la ainda como um complexo conjunto de valores e práticas que os indivíduos constroem e mantém como identidade de um dado grupo.

Bibliografia comentada: EAGLETON, Terry. A idéia de cultura São Paulo: Unesp, 2000.

sábado, 8 de agosto de 2009

Um pouco mais sobre Cultura..


imagem capturada na internet
Nesse post falo um pouco mais sobre cultura, melhor, aprofundo mais o assunto. Falo sobre cultura de massa, popular e erudita. Boa leitura!

Cultura de Massa : Chama-se de Cultura de Massa toda cultura produzida para as massas -- a despeito de heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas -- e veiculada pelos meios de Comunicação de Massa.

Cultura Popular : Cultura Popular ou Cultura Pop é a cultura vernacular - isto é, do povo - que existe numa sociedade moderna. O conteúdo da cultura popular é determinado em grande parte pelas indústrias que disseminam o material cultural, como por exemplo, as indústrias do cinema, televisão e editorais, bem como os media de notícias.
Cultura Erudita: Os produtores da chamada cultura erudita fazem parte de uma elite social, econômica, política e cultural e seu conhecimento ser proveniente do pensamento científico, dos livros, das pesquisas universitárias ou do estudo em geral (erudito significa que tem instrução vasta e variada adquirida, sobretudo pela leitura). A arte erudita e de vanguarda é produzida visando museus, críticos de arte, propostas revolucionárias ou grandes exposições, público e divulgação. Sofisticada.

sábado, 1 de agosto de 2009

Uma Cultura Globalizada?
E dando sequência...

Como conseqüência da inovação tecnológica surgida no século XX e das circunstâncias configuradas na mesma época, a cultura de massa desenvolveu-se a ponto de ofuscar os outros tipos de cultura anteriores e alternativos a ela. Antes de haver cinema, rádio e TV, falava-se em cultura popular, em cultura nacional, componente da identidade de um povo; em cultura, conjunto historicamente definido de valores estéticos e morais; e num número tal de culturas que, juntas e interagindo, formavam identidades diferenciadas das populações.

A chegada da cultura de massa, porém, acaba submetendo as outras “culturas” a um projeto comum e homogêneo. Por ser produto de uma indústria de valor internacional, a cultura elaborada pelos vários veículos então existentes esteve sempre ligada ao poder econômico do capital industrial e financeiro. A “massificação cultural”, para melhor servir esse capital, solicitou a repressão às demais formas de cultura. A cultura popular, produzida fora de contextos institucionalizados, teve de ser um dos objetos dessa repressão altiva. Justamente por ser anterior, o popular era também alternativo à cultura de massa, que por sua vez pressupunha — originalmente — ser dominante como condição essencial de existência.

O que a indústria cultural percebeu mais tarde é que possuía a capacidade de absorver em si os antagonismos e propostas críticas, em vez de combatê-lo. Desta forma, sim, a cultura de massa alcançaria o domínio: elevando ao seu próprio nível de difusão e exaustão qualquer manifestação cultural, e assim tornando-a efêmera e desvalorizada.

sábado, 25 de julho de 2009

Cultura ofuscada

Hoje volto com mais uma pérola tematizando a Cultura de Massa, espero que assimile!
«Não é que, no nosso tempo, o representante da cultura seja menos escutado do que no passado o eram o teólogo, o artista, o sábio, o filósofo, etc. É que, atualmente, tem-se consciência da massa que vive de mera propaganda. Também no passado, as massas viviam de má propaganda, mas, então, sendo a cultura elementar menos difundida, essa massa não imitava as pessoas verdadeiramente cultas e, portanto, não fazia surgir o problema de saber se estava mais ou menos em concorrência com essas pessoas cultas.»

sábado, 18 de julho de 2009

História do Cordel

A Origem nas Feiras Medievais

Nossa viagem em busca das origens do cordel começa na Europa, na Idade Média, num tempo em que não existia televisão, cinema e teatro para divertir o povo. A imprensa ainda não tinha sido inventada e pouquíssima gente sabia ler e escrever. Os livros eram raríssimos e caros, pois tinham de ser copiados a mão, um a um. Então, como as pessoas faziam para conhecer novas histórias?
Pois bem, mesmo nos pequenos vilarejos existia um dia da semana que era especial: o dia da feira. Nessas ocasiões, um grande número de pessoas se dirigia à cidade, e ali os camponeses vendiam seus produtos, os comerciantes ofereciam suas mercadorias e artistas se apresentavam para a multidão.
Um tipo de artista muito querido por todos era o trovador ou menestrel. Os trovadores paravam num canto da praça e, acompanhados por um alaúde (um parente antigo dos violões e violas que conhecemos hoje), começavam a contar histórias de todo tipo: de aventuras, romance de paixões e lendas de reis valentes, como o Rei Carlos Magno e seus doze cavaleiros.
Para guardar tantas histórias na cabeça, os trovadores passaram a contar suas histórias em versos. Dessa forma as rimas iam ajudando o artista a se lembrar dos versos seguintes, até chegar o fim da história.
Ao final da apresentação, o povo jogava moeda dentro do estojo do alaúde. O trovador, satisfeito, agradecia e partia em direção a próxima feira.
Até a próxima!

sábado, 11 de julho de 2009

A força criativa do Nordeste – Literatura de Cordel

No Brasil a Literatura de Cordel teve seu destaque na região Nordeste entre os anos 30 e 50. Nos meados dos anos 40 aumentou em muito a procura por estes livretos, escritos em versos, sextilhas, septilhas ou décimas impressos em xilogravura. O conteúdo normalmente abrange o relato do dia-a-dia do sertanejo e a vida política do país. Os autores deste gênero de literatura são chamados cordelistas.
Três aspectos da literatura de cordel ressaltam a capacidade do Homem em buscar alternativas para expressar e divulgar a sua criatividade. Além de serem escritos em poesia narrativa, os livretos são impressos artesanalmente em xilogravura no qual a reprodução de imagens e textos se faz por meio de pranchas de madeira gravadas em relevo, tornando possível a impressão de forma simples e barata. E outro aspecto importante é o fato dos livretos serem divulgados e vendidos pendurados em varal de cordas o que deu origem ao nome Literatura de Cordel.
A origem desta forma de expressão tão peculiar é antiga e remete à Europa nos idos do século XV, mas precisamente Holanda e Alemanha. Apesar de serem escritos em prosa, alguns dos folhetos já apareciam em versos impressos em xilogravuras exatamente como ainda hoje, no nordeste brasileiro. Na Espanha, o mesmo tipo de literatura popular era chamado de "Pliegos Suletos" tendo mais tarde chegado a América Latina com o nome de "Hojas" e "Corridos". Na França eram conhecidos como "Literature de Colportage" e eram mais difundidas no meio rural. Na Inglaterra folhetos relatavam acontecimentos históricos e tinham o nome de "Cocks" ou "Catchpennies". Em Portugal, a partir do século VXII, circulavam em feiras as denominadas "Folhas soltas" ou "Volantes".
Acredita-se que a Literatura de Cordel chegou ao Brasil no fim do século XIX trazida pelo colonizador luso. Os próprios autores confeccionavam os textos em formato 11x15 em papel jornal de baixa qualidade. Os livretos eram pendurados em barbantes e cantados em feiras e praças públicas, geralmente acompanhados por um músico.
Ainda hoje a literatura de Cordel mantém-se viva e bastante difundida no Brasil, apesar da tradição ter permanecido em sua maioria na região Nordeste. Vários escritores conceituados foram influenciados pela Literatura de Cordel entre eles, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, José Lins do Rego e Guimarães Rosa.

sábado, 4 de julho de 2009

Música Popular do Brasil

Dizer que a música popular feita no Brasil é caracterizada por sua riqueza é repetitivo, mas é essencial para defini-la.

Sua história começa com os índios e com a música feita pelos jesuítas que aqui aportaram. Esse encontro entre a música dos jesuítas e a música dos indígenas é a pré-história da música popular do Brasil. A evolução desses ritmos primitivos, como o cateretê ou o cantochão, são ainda hoje tocados em festas populares.

A música popular do Brasil só se tornaria mais forte no final do século 17, com o lundu, dança africana de meneios e sapateados, e a modinha, canção de origem portuguesa de cunho amoroso e sentimental. Esses dois padrões, a influência africana e a européia, alternaram-se e combinaram-se das mais variadas e inusitadas formas durante o percurso que desembocou, junto a outras influências posteriores, na música popular dos dias de hoje, que desafia a colocação de rótulos ou classificações abrangentes.

Durante o período colonial e o Primeiro Império, além dos já citados lundu e modinha, também as valsas, polcas e tangos de diversas origens estrangeiras encontraram no Brasil uma nova forma de expressão.

Já no século 19 surgem os conjuntos de chorões, que adaptam formas musicais européias -como a mazurca, a polca e o scottisch- ao gosto brasileiro e à forma brasileira de se tocar essas construções. Surge então, a partir da brasileirização dessas formas, o choro, e firmam-se novas danças, como o maxixe.

Outras duas coisas que ajudaram decisivamente o aparecimento da canção popular no Brasil foram o carnaval carioca e o gramofone. Pixinguinha, João da Baiana, Donga -autor de Pelo Telefone, primeiro samba gravado, em 1917-, foram grandes nomes nesse período, junto com os continuadores dos chorões.

O samba urbano só se firmaria na década de 30, época em que surge a primeira escola de samba, a Deixa Falar, fundada em 1929. Depois, com a popularização do rádio e do disco a música popular se consolidaria e chegaria ao mundo de opções musicais que hoje o Brasil possui.