sábado, 31 de julho de 2010

Etnocentrismo cultural

Etnocentrismo

O conceito de Etnocentrismo parte do estudo do estudo do grande choque e da grande estranheza que se dá no encontro de dois ou mais grupos diferentes. Surge, então, o grupo do "eu" e o grupo do "outro", tendo o primeiro como real, absoluta e principal referência e a segunda como algo exótico, excêntrico, anormal, exuberante e primitivo.

No contexto do Descobrimento da América, a problematização dessa expressão se deu de forma mais grave, pois como o grupo do eu (colonizador) tinha o recurso da força das armas de fogo, se achou no direito de definir o grupo do outro (índio) segundo seus princípios e valores e exercer a grande dificuldade moral e intelectual que tinham de conviver com a diferença cultural, social e emocional deste povo, impondo que suas manifestações eram selvagens, esdrúxulas, antropófagas, pré-históricas e precisavam serem destruídas ou "civilizadas".

Essa iniciativa causou em toda a história da formação do continente americano genocídios, pré-conceitos, preconceitos, manipulações ideológicas, julgamentos precipitados e sérias distorções culturais, comportamentais e educacionais na construção do conhecimento da trajetória do ameríndio na nossa "civilização ocidental", pois jamais lhe era dado o direito e o dever de falar de si e por si próprio, sendo sempre mau interpretado e estereotipado em filmes e livros didáticos ora como brabo, ora como manso, ora como preguiçoso, ora como incapaz, ora como bobo e nunca como ser pensante, inteligente dotado de cultura, tradições e costumes.

Esta visão de mundo é o pontapé inicial para a construção de uma ciência que trabalhe a diferença entre os seres humanos de forma que essas mesmas diferenças não causem hostilidades e sim alternativas e possibilidades diversas à superação de limites existenciais comuns de abertura do "eu" para o "outro" ou vice-versa.
Esta ciência é a "Antropologia" que através da teoria da relativização, criada após a teoria do evolucionismo (diferentes graus de evolução de grupos sociais no processo progressivo do desenvolvimento humano), se preocupou em refletir sobre o conceito de cultura e descentralizar qualquer tipo de ideologia, apresentando aspectos, nuanças e características na abertura da multiplicidade de pontos de vista, soluções e perguntas sobre o saber científico.

Bibliografia: Everardo, Rocha. O que é etnocentrismo Coleção primeiros passos, ed. Brasiliense.

sábado, 24 de julho de 2010

Relativismo cultural


Relativismo cultural

O Relativismo Cultural é uma ideologia político-social que defende a validade e a riqueza de qualquer sistema cultural e nega qualquer valorização moral e ética dos mesmos.

O Relativismo cultural defende que o bem e o mal, o certo e o errado, e outras categorias de valores são relativos a cada cultura. O "bem" coincide com o que é "socialmente aprovado" numa dada cultura. Os princípios morais descrevem convenções sociais e devem ser baseados nas normas da nossa sociedade.

Relativismo cultural é o princípio que prega que uma crença e/ou atividade humana individual deva ser interpretada em termos de sua própria cultura. Esse princípio foi estabelecido como axiomático na pesquisa antropológica de Franz Boas nas primeiras décadas do século XX e, mais tarde, popularizado pelos seus alunos. A idéia foi articulada por Boas em 1887: "...civilização não é algo absoluto, mas (...) é relativa, e, nossas idéias e concepções são verdadeiras apenas na medida de nossa civilização".

O próprio Boas não usou tal termo, que acabou ficando comum entre os antropólogos depois da sua morte em 1942. O termo foi usado pela primeira vez em 1948, após sua morte, na revista American Anthropologist. O termo em si representa como os alunos de Boas resumiram suas próprias sínteses dos vários princípios ensinados por Boas.

Relativismo cultural envolve específicas declarações epistemológicas e metodológicas. Se tais afirmações necessitam ou não de uma postura ética é um argumento para ser debatido. No entanto, o que é importante é que este princípio não seja confundido com relativismo moral.

Origens Epistemológicas do Relativismo Cultural

Kant quer na gnoseologia, ao apresentar o homem como dotado de conceitos puros a priori, as 12 categorias, quer na ética, através da boa vontade (racional e formal) faz depender o conhecimento e a acção humana de categorias ou formulação universal. Por isso kant não apresenta um pensamento de relativismo cultural. Kant defende sim, a subjectividade - a subjectividade do sujeito epistêmico ou do homem que decide de forma autónoma obedecendo ao (seu) imperativo categórico. Aplicando um aspecto bem interessante da psicologia.

Fonte: wikipédia – a enciclopédia livre

sábado, 17 de julho de 2010

Contracultura


Contracultura o que é...

Nas sociedades capitalistas, a organização da sociedade e das instituições promoveu a observância de um interessante processo de homogeneização da população como um todo. Diversos teóricos apontaram uma reprodutibilidade em alta escala de formas de pensar, agir e sentir que estariam sendo levadas a todos os indivíduos com o objetivo de propagar uma mesma compreensão do mundo. Nas Ciências Humanas, os conceitos de “cultura de massa” e “indústria cultural” surgiram justamente para consolidar tal ideia.

Em muitos estudos, alguns pesquisadores tiveram a intenção de mostrar como determinadas ideologias ganham alcance na sociedade e, a partir de sua propagação, passam a sedimentar um costume compreendido como natural. Apesar da relevância incontestável desse tipo de trabalho, outros importantes pensadores da cultura estabeleceram um questionamento sobre essa ideia de “cultura dominante” ao mostrarem outra possibilidade de resposta para o tema.

Partindo para o campo das práticas culturais, também podemos notar que o desenvolvimento de costumes vão justamente contra os pressupostos comungados pela maioria. Foi nesse momento em que passou a se trabalhar com o conceito de “contracultura”, definidor de todas as práticas e manifestações que visam criticar, debater e questionar tudo aquilo que é visto como vigente em um determinado contexto sócio-histórico.

Um dos mais reconhecidos tipos de manifestação contracultural aconteceu nas décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos. Após a saída deste país da Segunda Guerra Mundial, um verdadeiro “baby-boom” foi responsável pelo surgimento de uma nova geração que viveria todo o conforto de um país que se enriqueceu rapidamente. Contudo, ao contrário do que se podia esperar, essa geração desempenhou o papel de apontar os limites e problemas gerados pela sociedade capitalista.

Rejeitando o elogio cego à nação, o trabalho e a rápida ascensão social, esses jovens buscaram um refúgio contra as instituições e valores que defendiam o consumismo e o cumprimento das obrigações. A partir daí foi dado o aparecimento do movimento hippie, que incitou milhares de jovens a cultuarem o amor livre, o desprendimento às convenções e o desenvolvimento de todo um mundo que fosse alternativo ao que fosse oferecido pelo sempre tão criticado “sistema”.

No Brasil, essa ideia de contracultura pode ser observada com o desenvolvimento do movimento hip hop. Embalados pela “beat” eletrônico e letras com rimas ácidas, diversos jovens da periferia dos grandes centros urbanos absorveram um gênero musical estrangeiro para retratar a miséria e violência que se alastravam em várias cidades do país. Atualmente, essa manifestação se diversificou e protagoniza a realização de diversos projetos sociais que divulgam cultura e educação.

Com respeito ao conceito de contracultura, não podemos simplesmente pensar que ele vá simplesmente definir a existência de uma cultura única e original. Pelo contrário, as manifestações de traço contracultural têm a importante função de revisar os valores absorvidos em nosso cotidiano e, dessa forma, indicar novos caminhos pelo qual o homem trilha suas opções. Assim, é necessário sempre afirmar que contracultura também é cultura!

fonte:
Por Rainer Sousa - Mestre em História
Mundo Educação » Sociologia » Contracultura

sábado, 10 de julho de 2010

Subcultura


Subcultura e "cenas" musicais

A partir da Segunda Guerra Mundial, vê-se o surgimento de diversas manifestações culturais ligadas a uma nova condição juvenil. As formas de expressão, práticas, atitudes e comportamento diferenciados dos grupos de jovens reunidos por um estilo e interesses comuns foram caracterizados, ao longo das últimas décadas, como subculturas.

O conceito de subcultura solidificou-se ao longo das décadas de 1970 e 1980, principalmente no campo dos Estudos Culturais alinhado ao Centro de Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade de Birmingham (CCCS). Dick Hebdige (1996), na obra que se tornou referência para os estudos da área, Subculture, the meaning of style, publicado originalmente em 1979, apresenta a seguinte definição para subcultura:

Os estudos de subcultura trouxeram significativas contribuições ao abordar a importância do estilo, dos significados referentes aos símbolos criados e recriados nos bens de consumo por estes jovens. As análises mais recentes, porém, têm promovido uma revisão crítica e séria questionamentos da abordagem subculturalista.

Um dos problemas identificados é que as subculturas são geralmente posicionadas por aqueles estudos a partir de dicotomias limitadores, como resistência-cooptação, posições hegêmonicas-posições subordinadas, em uma perspectiva que se mostra distante do cotidiano dos jovens analisados, além de pouco atentar para as relações entre estes, os movimentos que ele participam e a mídia, assim como a complexidade das práticas sócio-culturais juvenis.

O conceito de “cena” surge como forma de tentar superar as principais limitações presentes nas teorias de subcultura, enfatizando outro aspecto negligenciado naqueles estudos, a questão da localidade. Identificar as particularidades do local em relação ao global e as relações entre estes, mapear e discutir os significados das práticas culturais dessas manifestações juvenis específicas, abordar as relações destes jovens com o espaço urbano são pontos enfatizados pelos trabalhos mais recentes.

Uma das principais características dessas diversas formas de manifestações é o papel da música como um elemento central na congregação dos jovens em grupos específicos. O punk-rock, com letras de protesto e a celebração do “tosco” no processo de composição musical, é o eixo principal do movimento punk, o oi! (derivado do punk) é o estilo musical de preferência dos skinheads, o rap é um dos elementos principais da cena hip hop, os gêneros da música eletrônica na cena club e rave ou de música eletrônica em uma visão mais ampla. Coexistindo com outras no espaço urbano, uma cena musical poderia ser conceituada como:

A construção dessas “práticas musicais contemporâneas” e do “patrimônio musical” na cena de música eletrônica implica em uma multiplicidade de questões, como a celebração do hedonismo nas pistas de dança, a crescente participação dos gêneros da e-music no mercado musical e a influência que estes exercem na produção musical contemporânea, as relações sociais presentes nos ambientes específicos de clubs noturnos e raves, a configuração de políticas de gênero e classe nesses espaços, entre uma série de outros aspectos dignos de análise.

Um ponto atravessa todas essas questões. É a idéia de “autenticidade”, caracterizada por significados variáveis que são determinados por práticas e contextos específicos da cena (por exemplo, quando vinculada ao processo de produção musical, a discussão do que seria “autêntico” incorre na reconfiguração dos conceitos de autoria e originalidade no trabalho de composição resultante da técnica do sampling·, todos intimamente relacionados, porém. Neste artigo, ela é abordada sob duas perspectivas: o “autêntico” como valor recorrente na produção, criação musical e legitimação dos gêneros da música eletrônica (ou dance music, termo mais comum em outros países) e, em outro plano, como elemento essencial na constituição das relações sociais estabelecidas entre os participantes da cena, no estabelecimento de hierarquias, lógicas de pertencimento, inclusão e exclusão).

sábado, 3 de julho de 2010

Aculturação...uma outra definição

O conceito de aculturação nega o caráter dinâmico dos costumes e hábitos das sociedades.

O conceito de aculturação foi durante muito tempo utilizado para se avaliar o processo de contacto entre duas diferentes culturas. Entretanto, a utilização desse tipo de categoria vem sendo cada vez mais criticada e combatida por antropólogos e outros especialistas das ciências humanas. Em geral, a crítica realizada a esse conceito combate a ideia de que uma cultura desaparece no momento em que entra em contacto com os valores de outras culturas.
No entanto, essa premissa se mostra completamente equivocada por compreender que a cultura consiste em um conjunto de valores, práticas e signos imutáveis no interior de uma sociedade. Estudos de natureza histórica e antropológica, principalmente a partir da segunda metade do século XX, demonstraram que as sociedades humanas estão constantemente reorganizando suas formas de compreender e lidar com o mundo. Dessa forma, a cultura não pode ser vista de uma forma estática.
Um dos mais claros exemplos desse processo pode ser visto com relação às comunidades indígenas brasileiras. No começo do século XX, as autoridades oficiais acreditavam que a ampliação do contacto entre brancos e índios poderia, em questão de décadas, extinguir as comunidades indígenas. Contudo, o crescimento das comunidades indígenas – a partir da década de 1950 – negou o prognóstico do início daquele século.
Dessa forma, devemos compreender que a cultura é um processo dinâmico e aberto em que hábitos e valores são sistematicamente ressignificados. Por isso, a ideia de aculturação não pode ser vista como o fim de uma cultura, pois não há como pensar que um mesmo grupo social irá preservar os mesmos costumes durante décadas, séculos ou milénios. A cultura de um povo, para manter-se viva, deve ser suficientemente livre para conduzir suas próprias escolhas, inovações e permanências.

Fonte: Mundo Educação