sábado, 14 de novembro de 2009

A facilidade atual da Cultura da informação


A facilidade atual da Cultura da informação

Nunca uma geração foi tão bem informada como a de hoje. Basta um CD para armazenar o conteúdo de 300.000 livros. A aceleração das publicações de todo tipo nos amedronta. Em horas, ou talvez minutos, produzem-se, hoje, mais publicações que em um ano ou em décadas da Idade Média.
Se traduzíssemos os conhecimentos em “bytes”, um aluno que se prepara para a educação superior, deveria armazenar mais “bytes” que Santo Tomás de Aquino gastou em tida sua Suma Theológica. Entretanto, jamais se pode comparar, nem de hoje, a cultura do Angélico com as cabeças confusas da juventude hodierna.

Os escritores antigos viviam à míngua de informações. Hoje, basta um clique e ei-nos conectados pela internet com mais de um bilhão de possíveis “portais” informativos. Tantas informações, mas tudo repleto de nada, tudo superlotado de nada, tudo vazio de tudo, de vida sem sentido, de vida sem chegada.

Diante desse novo universo de imagens, novos hábitos se vão criando por obra e graça de um borboletear permanente de “sitio” a sitio, de “portal” a portal, de “canal” a canal. A inteligência e a memória navegam com a velocidade parecida com a da luz, de modo que nada se lhe adere.
É a pura sensação. Adrenalina em vez de pensamento. Nesse momento entra o que significa “aprender a conhecer”, “aprender a pensar”. Algo bem diferente de restringir-se a freqüentar essas fontes borbulhantes de cascatas informativas; embora tudo isso faça parte, também do aprendizado atual, exige outro gênero de registro mental.

Aprender a conhecer é inserir todo conhecimento no varal do passado, é percebê-lo na atualidade do presente e vislumbrá-lo em sua densidade de futuro.

O importante agora é saber relacionar, contextualizar, em busca de uma verdadeira articulação dos elementos que pareciam fragmentados, em seus conjuntos no mar infinito de ondas passageiras. Pensar, com efeito, é analisar e sintetizar, é separar e unir. Esse jogo de operação mental estimula o pensar. O pensamento atual acentua, demasiadamente, a análise.

Em busca do equilíbrio, cabe insistir na síntese, na ligação estrutural do jogo das palavras no pensar inclusivo que sintetiza o nosso pensamento.

Artigo capturado no Jornal Gazeta de Alagoas/caderno de Política – folha A3 /terça-feira, 06 de outubro de 2009. Texto creditado à Dom Fernando Iório Bispo emérito de Palmeira dos Índios e presidente da Academia Alagoana de Letras.

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