A Filosofia...o que é isto?
"Que
representa a filosofia? É uma das raras possibilidades de existência criadora.
Seu dever inicial é tornar as coisas mais refletidas, mais profundas".
(Heidegger, m)
Podemos considerar
que a filosofia parte do prodigioso conhecimento existente, não sendo um saber
acrescentado ao conhecimento já adquirido. A filosofia pensa a realidade
presente, que engloba o ser-no-mundo e o estar-no-mundo.
A Filosofia
representa a ratio humana consistente no ato consciente de estar no mundo, pois
"ou se deve filosofar ou não se deve, mas para decidir não filosofar é
ainda e sempre necessário filosofar. Assim, pois, em qualquer caso, filosofar é
necessário. (Aristóteles, protréptico. fr.51).
A filosofia
pressupõe algumas características essenciais ao ser pensante, que se manifestam
na admiração, na angústia, no medo e na coragem.
A admiração é
característica essencial ao filosofo que se espanta frente a cada fato da
existência humana, pois nada lhe é natural e tudo possui um sentido. Descartes
considerava a admiração uma paixão filosófica, aduzindo que "a admiração
me parece a primeira de todas as paixões". (passions de l?âme, II, 53)
O espanto é a mola
propulsora da filosofia. O questionamento do mundo surge mediante o sentimento
de admiração, espanto e estupefação diante da existência do ser-no-mundo,
aguardando uma explicação do seu estar-ai.
O que é isto, a
vida? O que é isto, o mundo? Admiração e espanto são instrumentos impulsionando
à busca de uma interpretação do "kosmos filosófico", criando sentido,
organização e ordem para um certo "Kaos" sem um porquê.
A angústia é o nada
de Kierkgaard, "se perguntarmos qual é o objeto da angústia, deve-se
responder aqui como em toda parte: é o nada. A angústia e o nada marcham
juntos"(Kierkgaard). A angústia revela a possibilidade de ser e a ameaça
do nada. A humanidade revela-se na angústia da impossibilidade possível de sua
existência, defendida por Heidegger.
A angústia
revela-se ao ser, que se encontra impotente frente ao medo da morte, gerando
seres frágeis e inautênticos que fogem da realidade. A morte, por sua vez,
desnuda a existência como possibilidade privilegiada de ser possível. A
niilidade da angústia conduz a um projeto libertador, mediante a busca
autêntica da existência do ser-no-mundo.
O medo se encontra
materializado na timidez, no acanhamento, na ansiedade e na impotência de
vencer o mundo e lança seus tentáculos em nosso ser, querendo fazer domínio em
nós. Entretanto, a admiração, o espanto e a angústia filosófica impulsionam a
alma humana a superar o medo, caminhando rumo ao seu epicentro, destruindo-lhe
as bases frágeis. O medo é o sentimento de impossibilidade frente ao
desconhecido, que somente as luzes da razão supera.
A coragem é um sim
à realização do ser-no-mundo, é a existência da possibilidade mediante o
esforço, trabalho e tentativa, impulsionando-nos para a criação do nosso devir.
A condição humana no mundo exige coragem como força propulsora para a criação e
modificação da realidade, domando a maior fraqueza humana, o medo de ser
autêntico.
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