segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

SUCESSO NA VIDA?

SUCESSO NA VIDA?

Todos temos no decorrer de nossas vidas as mesmas dificuldades: a capacidade de consumo e o sucesso escolar dos filhos nos preocupam mais ou menos nos mesmos termos, além do desemprego que os ameaça, e até em nossas relações intimas temos globalmente as mesmas experiências, encontros, desencontros, separações, casamentos fracassados ou não, guarda de filhos, adolescentes difíceis, pais que estão envelhecendo, amigos em dificuldades, acidentes na vida...As coisas se passam mais ou menos da mesma maneira, quer nos tornamos milionários, craque de futebol, campeão de tênis, artista de novela, pianista virtuose: todos temos, na entrada da idade adulta ou até mais adiante, os mesmos fantasmas, de modo que o individual longe de se afastar do coletivo, é apenas seu rosto. O Estado deveria fazer do individual seu ponto de partida, onde deveria se enraizar e buscar forças, e também finalidade. Deveria procurar, quanto possível e razoável, ajudar, satisfazer, promover e fazer crescer o indivíduo. Longe de estreitamento egoísta, o individualismo moderno é literalmente obcecado pelo cuidado com o outro. Todos sabemos o quanto o isolamento é nocivo, e o quanto inexiste vida bem-sucedida sem experiências compartilhadas.
Não só o cuidado com os filhos está mais intenso do que nunca, mas o desejo de igualdade . À medida que há mais tentações, mais incitação ao consumo, há cada vez menos razões para não ceder, cada vez menos enquadramentos éticos que freiem os desejos e controlem os exageros. Pode-se de maneira incrivelmente rápida perder o senso da realidade... Diante de tais realidades começa a se tornar insuportável, para não dizer obsceno, o discurso dos "vencedores", dos que "estão por cima, tirando vantagem a qualquer custo", E daqueles que estão sempre glorificando o espírito empreendedor. Nem todo mundo pode vencer no sentindo a que eles se referem e é difícil imaginar um mundo em que só existissem executivos. Hoje, sabemos que mesmo se tivermos estudado muito, nos dedicado com afinco, podemos nunca sair do chão. O mérito é uma idéia bem relativa. O sucesso na vida não é o sucesso da vida e o melhor professor do mundo cujos efeitos benéficos para nossas crianças têm um valor inestimável... Nunca vai passar do seu modesto salário de professor. E, mesmo assim, eu penso que ele é mais importante para os nossos filhos, infinitamente mais, do que aquele cara da bolsa de valores...
Baseado no livro de Luc Ferre: "Famílias, amo vocês. Rio:Objetiva, 2008.

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