sábado, 20 de março de 2010

Identidade Brasil: a resistência da cultura nacional

Cultura ou produto para consumo?

Desde 7 de setembro de 1822, os brasileiros buscam compreender o que nos une e nos torna uma nação independente e coesa. Nosso modelo político é frágil, pois reproduz, ainda hoje, a relação entre senhores de engenho, leia-se classe médio/alta, e a senzala. Desde muito cedo, quando a chamada “civilização” aportou com suas naus por aqui, convivemos com o espectro do modelo do dominador: ser europeu/estadunidense ou descender deles significa ser civilizado em terra brasilis. Concede um ar aristocrata à família, como se nos fizesse pertencer a uma “casta” mais alta e por isso devessemos ser tratados de maneira diferenciada.

Esquecemos que mesmo os estrangeiros que aqui aportaram, nos vários momentos da história do Brasil, invariavelmente serviram como escravos ou empregados explorados pelos patrões. Sim, nossa grande população descende de anglo-saxões, latinos, asiáticos, negros e gentios que é oriunda do trabalho árduo escravo ou no limiar da escravidão. Por conta de nossa arrogância e ignorância, passamos a acreditar que os únicos traços culturais que possuem valor são os do branco dominador: o Natal, a Páscoa, o Dia das Bruxas entre tantos outros.

O que aconteceu com as nossas celebrações rurais? Com nossas comemorações religiosas sincréticas como a Umbanda, a Congada, a Folia de Reis? Ainda permanecem no canto escuro do preconceito de nossa sociedade que tenta a todo custo arremedar os “gringos” que, por interesses tácitos a sustentação de seus negócios, continuam a nos ditar regras. O mais incômodo de tudo isso é que continuamos a acreditar nestas regras como estabelecidas por seres “que sabem o que fazem pois em seus países tudo funciona”. No meu país tudo funciona. A única coisa que não funciona é o imaginário do brasileiro, principalmente dos “domesticados” pela cultura estrangeira, pelo mundo das revistas de celebridades e pela exposição maciça aos telejornais de jornalismo marrom.

Cansei! Não como os nossos queridos burgueses do movimento, mas cansei de ver nossa cultura explorada como produto, onde transitam parasitas e alpinistas sociais sempre em busca de exposição, sem contribuição ou preocupação alguma com a cultura de nosso país. Parafraseando o português Fernando Pessoa, na pele de Álvaro de Campos: ” Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há brasileiros no Brasil?

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