sábado, 21 de novembro de 2009

O que é Industria Cultural
O que é Indústria cultural?

O termo “Indústria Cultural” foi utilizado por primeira vez por Horkheimer e Adorno na Dialética do Iluminismo. Anteriormente, empregava-se o termo “cultura de massa” que, conceitualmente, refere-se a uma cultura que nasce espontaneamente das próprias massas, a uma forma contemporânea de arte popular.

A realidade da indústria cultural é diferente: o mercado de massas impõe estadardização e organização; os gostos do público e suas necessidades impõem estereótipos e baixa qualidade. A indústria cultural exerce um domínio sobre os indivíduos e, ao preferir a eficácia dos seus produtos, determina o consumo e exclui tudo que é novo, tudo o que se configura como risco inútil.

Segundo Adorno, na Indústria Cultural tudo se torna negocio. Enquanto negócios seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja o de portadora da ideologia dominante, a qual concede sentido a todo sistema.
Quando confrontamos os problemas da alienação e da revelação, próprios do conceito de indústria cultural, com a questão da significação a partir desta três modalidades de signo, ícone, índice e símbolo, chegamos a conclusão de que a indústria cultural é regida hegemonicamente pelo signo indicial, fato que estimula nos receptores o desenvolvimento de uma consciência indicial.

Aqui, então, vai ser possível dizer que o problema com a indústria cultural não é tanto o que ela diz ou não; não é tanto o fato de ser ela deste ou daquele modo, estruturalmente; nem o fato de ter surgido neste ou naquele sistema político-social – mas, sim, no modo como diz. É que a indústria cultural – na TV, no rádio, na imprensa, na música (particularmente a dita popular, nos fascículos, mas também nas escolas e nas universidades – é o paraíso do signo indicial, da consciência indicial.(…) Como o que ocorre com o índice, de certo modo o que é dado ao receptor é alguma coisa já conhecida. (…) Não há revelação, apenas constatação, e ainda assim uma constatação superficial – o que funciona como mola para alienação. O que interessa não é sentir, intuir ou argumentar, propriedades da consciência icônica e simbólica; apenas, operar.
A inflação de signos indiciais seria o problema da indústria cultural, que processaria a comunicação de maneira fragmentada, acelerada e superficial. Estaríamos essencialmente diante de um problema de forma. Embora considere a abordagem semiótica a mais rica para tratar a questão da indústria cultural, outras modalidades de críticas podem a ela se juntar, fornecendo um quadro mais amplo. Considerando este ponto, podemos dizer que a presença do aparelho de tevê no cotidiano das pessoas é tão forte que muitos pensam que a televisão é o único lazer da população. Além da tevê, a ainda escuta de rádio AM e FM, a leitura de jornais, revistas, escuta de discos, ou seja, um lazer financiado pela publicidade comercial que usualmente se designa como indústria cultural. Com isso, uma outra suspeita de que lazer é todo voltado para o consumo ou para atividade que levam ao consumo.
Os estudos de orçamento-tempo mostraram que, efetivamente, quase a metade do tempo livre de nossa população é gasta com um lazer produzido pela indústria cultural, vindo principalmente da televisão, seguida de longe pelo rádio e, mais de longe ainda, pelos livros, discos, jornais e revistas.
Contudo, é perigoso afirmar que determinada atividade seja, ou não, produzida pela indústria cultural, é também importante observar que tais meios de comunicação de massa nada mais são do que a reprodução de conteúdos de outras práticas de lazer. Como por exemplo, o volume de concertos de música erudita ou popular vistos nas rádios e tevês é incomparavelmente maior do que o das salas de show e concertos ao vivo. O mesmo vale para outros espetáculos artísticos e para o esporte, a ginástica, a jardinagem, a culinária, a informação em geral. Trata-se de um consumo de lazer e não de prática ativa de lazer.
É importante ressaltar então, as relações estabelecidas entre indústria cultural, meios de comunicação de massa e com a cultura de massa. Em um primeiro momento, podemos achar que estas expressões funcionam como sinônimos, mas não é assim.

Não se pode falar em indústria cultural e sua conseqüência, a cultura de massa, em um período anterior ao da revolução Industrial, no século XVIII; do surgimento de uma economia de mercado, uma economia baseada no consumo de bens; e da existência de uma sociedade de consumo, segunda parte do século XIX. Assim, a indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa surgem com funções do fenômeno da industrialização. E estas, através das alterações que ocorrem no modo de produção e na forma de trabalho humano, que determina um tipo particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa). E isto vai dependendo completamente, do uso crescente da máquina, da submissão do ritmo de humano de trabalho ao ritmo da própria máquina, da exploração do trabalhador, da divisão do trabalho. Conseqüências da revolução industrial, traços marcantes de uma sociedade capitalista, em que é nítida a oposição de classes. Neste momento começa a surgir a cultura de massa que tem como função o fenômeno da industrialização. Podemos observar desde então, conseqüências diretas e indiretas na distribuição cultural dos dias de hoje.
Uma característica muito importante da indústria cultural, é a formação de uma cultura homogênea. Mas aqui no Brasil, por ter uma grande desigualdade na distribuição de renda, acaba por se dificultar a homogeneização da cultura.
Referencia: O QUE É INDUSTRIA CULTURAL?
José Teixeira Coelho Neto
Ed .Brasiliense , 1980

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