sábado, 23 de abril de 2011

O tempo e a atualidade de Walter Benjamin

O tempo e a atualidade de Walter Benjamin

Um dos intelectuais mais influentes do século 20, Walter Benjamin sempre procurou associar seu pensamento às questões de seu tempo. Sua trajetória intelectual pode muito bem ser lida como esforço de um autor comprometido com a reflexão crítica sobre sua época. Nascido na cidade de Berlim, em 1892, de origem judaica, Benjamin estudou filosofia e literatura nas universidades de Freiburgo, Berlim e Munique. Durante a I Guerra Mundial, emigra para a Suíça, onde, em 1919, obtém o título de doutor na Universidade de Berna, com um trabalho sobre o conceito de crítica de arte no romantismo alemão. Nos anos seguintes, período conhecido na Alemanha como República de Weimar (1919-1933), Benjamin trabalhou como crítico literário publicando em importantes jornais da época.

Uma de suas contribuições foi escrever sobre a chamada perda da experiência.Nos seus relatos, usou como imagem um acontecimento depois da primeira guerra mundial, questionava por que os soldados que voltavam da guerra regressavam sem nada para contar, mudos?

“Não era perceptível ao fim da guerra que os homens que voltavam dos campos de batalha haviam ficado mais silenciosos, não mais ricos e sim mais pobres em experiência comunicável. Se aceitarmos a noção de que a narrativa deriva da necessidade humana básica de explicar a realidade, não é surpreendente que houvesse menos entusiasmo a seu respeito em 1919. Como alguém poderia esperar poder explicar qualquer coisa no mundo onde a tecnologia humana movida pela cobiça humana havia mudado tudo, exceto as nuvens no céu?” (Walter Benjamin)

Por que os soldados voltavam sem nada para contar? Vazios de experiência?Walter Benjamin usou a idéia do Freud, a função permanente da consciência de aparar choques e de reagir a estímulos impede não só a consistência psíquica do que foi vivido, porque não dá para o psiquismo acompanhar e representar, memorizar e criar uma narrativa para o que foi vivido, como impede a transmissão.

Para Freud, isso é experiência, a qual é a obra psíquica de uma vida inteira, ou seja, poder narrar para mim mesmo o que eu estou vivendo e achar que algo disso que eu estou vivendo pode ser transmitido para o outro, de forma em que se cria uma espécie de corrente e a vida não pertence apenas àquele que vive, mas uma vida que se transmite, a sabedoria de vida, o legado.

Para Benjamin, o homem contemporâneo perdeu o valor da experiência, contrapondo a palavra experiência à palavra vivência. Essa vivência que não produz narrativa nem transmissão.

2 comentários:

Eduardo disse...

Parabéns pelo conteúdo e organização do Blog...
abraços

Luiz Reginaldo Silva disse...

Eduardo,

Você sempre é bem vindo por aqui e muito obrigado pelo comentário.Fico feliz em saber que estamos levando informações em forma de conhecimento para o crescimento de nossa cultura.

Valeu.

Luiz