sábado, 28 de agosto de 2010

O Signo na Indústria Cultural


O Signo na Indústria Cultural

A Indústria Cultural é permeada pelo signo índice, ou indiciai (Ex.: o água no asfalto é o signo que aponta para a anterior existência de chuva ali). Desta forma ela interage provocando a formação de consciências indiciais: tudo é rápido e passageiro, o tempo é pouco.

Não existem revelações, descobertas e nem existe estímulo à intuição, tudo é apenas mostrado e constatado superficialmente. Enquanto o símbolo e o ícone são signos que fazem as pessoas sentirem, intuírem e argumentarem, o índice é apenas mais uma peça na grande máquina fazedora de alienação.

O símbolo busca a interpretação com coerência e explicações das causas das coisas e o ícone revela as coisas através dos sentidos. Enquanto isso, os índices apontam para as qualidades que indicam que houve a presença do objeto (o asfalto molhado não dá outra informação exceto que houve uma chuva).

Nos processos de significação da indústria os índices são sobrepostos aos outros signos, de modo que o receptor caminha de um lado para outro orientado por esses índices, enquanto revelações e interpretações iconográficas e simbólicas são postas de lado. A produção de significados alcançada através desse esquema se mostra bastante empobrecida.

Teixeira Coelho trás uma reflexão importante a essa altura: esse esquema de significação é tão inerente à sociedade da tecnologia e de mercado que e está impregnado na Indústria Cultural, ou esta última seria a responsável por produzí-lo nas pessoas? Essa formação de consciência de índices, no entanto, não é algo que foi maquiavelicamente arquitetado.

Se desenvolveu lentamente de maneira proporcional ao desenvolvimento das tendências tecnológicas e à visão que a sociedade criou do mundo e de si própria. Uma consciência que acaba por se fazer mais presente e notada nas entranhas da indústria cultural. Afinal, somos nós os proprietários desse tipo de pensar. Não vivemos na era dos ícones.

Por um tempo a Indústria Cultural mais voltada à produção de imagens difundiu este mito, mas a operação dos signos impôs a produção de ícones sustentados por índices, não ícones puros e reveladores. Esses ícones aos quais ela se refere não proporcionam uma visão íntegra ao receptor, mas seqüências de imagens rápidas que se sucedem dando uma idéia desconexa da realidade.

A TV, por exemplo, apresentando a todo momento trechos de informações soltas no tempo e espaço sem antecedentes que não revelam muito, apenas se remete situações análogas que o receptor já viu anteriormente. São só as pegadas na areia, mas não se sabe quem as fez, onde está e porque fez. É preciso libertar o pensamento humano através das práticas da significação iconográfica e simbólica dentro da Indústria Cultural. O uso exagerado da produção de signos indiciais é um impecilho à produção de conteúdos culturais positivos para o homem.

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