sábado, 9 de maio de 2009

Forró... um celeiro de culturas



imagem capturada na internet
No post de hoje damos continuidade da expressiva música nordestina, enfocando o gênero Forró e seus contextos no discurso da Música Popular Brasileira no seu universo cultural.
O Forró, assim como o Samba, possui as mesmas raízes, se originando da mistura de influências indígenas, africanas e européias. O batuque - dança de roda onde os africanos mostravam a sua cultura - foi o tronco principal no que diz respeito à formação da música popular no Brasil. Dele surgiram variações que se espalharam tanto em áreas urbanas quanto rurais, sob vários nomes e estilos próprios conforme a região do país. Duas histórias cercam a origem do nome Forró. A mais difundida é de que os ingleses, que trabalhavam na construção de uma estrada de ferro no Nordeste, promoviam bailes "For All", com a trilha sonora e a dança local - entenda-se Baião - e assim o nome foi pegando. A outra versão, mais nacionalista e apegada às raízes, diz que a palavra tem sua origem na língua africana, com o vocábulo Forrobodó, que em um determinado dialeto significa exatamente festa, bagunça. Essa versão, mais "científica" é do pesquisador Câmara Cascudo.

O Forró e suas variações como Música e Dança

Forró é o coletivo da cultura e musicalidade popular do nordestino e pode ser dividido em vários segmentos:

* Forró pé-de-serra é o som feito pelos precursores do gênero, sempre com a presença do conhecido tripé: triângulo, sanfona e zabumba.

* Baião: Nascido de uma forma especial de os violeiros tocarem lundus na zona rural do nordeste (onde recebia o nome de baiano e era dançado em roda), esse ritmo foi transformado em gênero musical a partir de meados da década de 40, como resultado do trabalho de estilização feito por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, quando sofreu influências de ritmos como o samba e a conga.

* Xote: Ritmo de origem européia que surgiu dos salões aristocráticos da época da Regência. Conhecido originalmente com o nome schottisch, passando a ficar conhecido como chótis e finalmente xote. Saiu dos salões urbanos para incorporar-se às regiões rurais.

* Xaxado: O nome é uma onomatopéia, baseada no som que as alpercatas dos sertanejos faziam ao serem arrastadas durante os passos de dança. É uma dança do agreste e sertão pernambucano, bailada somente por homens, que remonta da década de 20. O acompanhamento era puramente vocal, melodia simples, ritmo ligeiro, e letra agressiva e satírica. Tornou-se popular pelos cangaceiros do grupo de Lampião.

* Coco: dança de roda do Norte e Nordeste do Brasil, fusão da musicalidade negra e cabocla. Acredita-se que tenha nascido nas praias, daí a sua designação. O ritmo sofreu várias alterações com o aparecimento do Baião.

* Forró universitário é um movimento cultural, que começou em Itaúnas- ES e se desenvolveu em outras cidades do Sudeste do Brasil, com o pessoal das faculdades. Acrescentou-se à música do Forró Pé-de-serra elementos como o baixo e a guitarra e à dança uniu-se passos de Samba-Rock, Salsa e Zouk.

Gonzagão, o pioneiro

Sem Luiz Gonzaga, o forró não estaria hoje nos bailes de todo o Brasil, como a última moda musical. O Velho Lua nasceu em Exu, sertão pernambucano, em dezembro de 1912. Filho do sanfoneiro Januário, desde pequeno ele tomou familiaridade com o instrumento. Foi no Rio de Janeiro, disposto a tentar carreira de músico no rádio, que se inscreveu no programa de Ary Barroso, em 1941, com a canção Vira e Mexe, com a qual tiraria o primeiro prêmio e seria contratado pela Rádio Nacional. O Forró é a linguagem poética que Gonzagão usava para contar sua vivência dura de sertanejo, as tristezas e doçuras da vida nordestina tão esquecida pelo resto do Brasil. A música nordestina de Luiz Gonzaga sofreu preconceito no início. Porém, o Forró foi conquistando o grande público, deixando de ser só uma música para saudosos migrantes nordestinos ou pessoas de classe social inferior. Quase sessenta anos depois, com a nova onda do forró, nada mais justo que ver a música do Velho Lua, morto há vinte anos, ser presença obrigatória nas casas noturnas de todo o país. E admirada por tantos adolescentes.

Mas, ao lado de Luiz Gonzaga não podem faltar compositores consagrados no forró como Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Almira Castilho, Alceu Valença, Elba Ramalho, Edmílson do Pífano, os velhos Trios Nordestino e Virgulino e mais atualmente bandas como Falamansa, Rastapé e Forróçacana.

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