
A leitura e o princípio do prazer
Não há nada mais chato que ler um livro por obrigação. Espero que não seja este o seu caso. Aliás, tudo o que fazemos forçados é inconvenientemente doloroso. É preciso ter prazer naquilo que se faz.
Com a leitura não é diferente. Além do mais, o tempo dedicado a um livro é relativamente maior que a qualquer outro tipo de fruição intelectual. Aí vem sempre aquela velha desculpa: já não tenho tempo para ler livros. Mas o sujeito tem tempo para ir ao cinema, surfar na Internet, jogar conversa fora com os amigos e outros passatempos que lhe dão prazer.
Por isso, se você gosta de ler mas não tem tempo, ou então você, que está começando agora, e não consegue encontrar um livro que não seja chato, um conselho: experimente a leitura por duas, três, quatro páginas. Se não lhe der prazer, tesón, como dizem os hispanos, esqueça: esse livro não lhe merece. Ou vice-versa.
Porque um livro só é verdadeiramente um livro quando encontra um leitor. Livros que enfeitam estantes são tão inúteis quanto uma roda quadrada. O leitor deve interagir com o livro, deve vivê-lo plenamente, mas sem esquecer que o tempo de fruição é mais elástico que o de outras atividades.
Literatura não é cinema, que é consumido numa única sessão de, em média, duas horas. A leitura de um bom livro exige muitas horas e vários dias de dedicação. E se o prazer se mantém, se multiplica, quem ganha é o leitor.
Uma das mais interessantes teorias sobre a interpretação da obra literária é a estética da recepção, que procura analisar a obra literária em função dos inúmeros tipos de leitor que ela pode ter. Aliás, a verdadeira obra de arte traz consigo inúmeras possibilidades de interpretação.
Ao contrário da pose passiva que se esperaria de um leitor em contato com o livro − o livro como um repositório de informações, o leitor como destinatário −, cada leitor se posicionará em relação ao livro de maneira ativa, interagindo com ele de acordo com o seu nível de conhecimento − escolaridade, meio social, religião, profissão, enfim, o seu ambiente.
Se dois leitores de dois ambientes diferentes lerem o mesmo livro, sem dúvida nenhuma produzirão pelo menos duas leituras diferentes.
A Bíblia, por exemplo, que é uma verdadeira floresta de símbolos, terá variadas interpretações se lida sob a luz das várias teologias, e outras tantas ainda quando lida pelo homem comum ou por um intelectual anarquista.
Livro magnífico que é, a leitura da Bíblia não se esgotará jamais, e as divergências ajudarão a iluminá-la com a serena vela da dúvida e a torturante chama da paixão.
Porque essa é a essência da relação leitor/livro: se cada ser humano é único na imensidão do universo, cada livro será, para cada leitor, uma experiência singular, intransferível.
Não há nada mais chato que ler um livro por obrigação. Espero que não seja este o seu caso. Aliás, tudo o que fazemos forçados é inconvenientemente doloroso. É preciso ter prazer naquilo que se faz.
Com a leitura não é diferente. Além do mais, o tempo dedicado a um livro é relativamente maior que a qualquer outro tipo de fruição intelectual. Aí vem sempre aquela velha desculpa: já não tenho tempo para ler livros. Mas o sujeito tem tempo para ir ao cinema, surfar na Internet, jogar conversa fora com os amigos e outros passatempos que lhe dão prazer.
Por isso, se você gosta de ler mas não tem tempo, ou então você, que está começando agora, e não consegue encontrar um livro que não seja chato, um conselho: experimente a leitura por duas, três, quatro páginas. Se não lhe der prazer, tesón, como dizem os hispanos, esqueça: esse livro não lhe merece. Ou vice-versa.
Porque um livro só é verdadeiramente um livro quando encontra um leitor. Livros que enfeitam estantes são tão inúteis quanto uma roda quadrada. O leitor deve interagir com o livro, deve vivê-lo plenamente, mas sem esquecer que o tempo de fruição é mais elástico que o de outras atividades.
Literatura não é cinema, que é consumido numa única sessão de, em média, duas horas. A leitura de um bom livro exige muitas horas e vários dias de dedicação. E se o prazer se mantém, se multiplica, quem ganha é o leitor.
Uma das mais interessantes teorias sobre a interpretação da obra literária é a estética da recepção, que procura analisar a obra literária em função dos inúmeros tipos de leitor que ela pode ter. Aliás, a verdadeira obra de arte traz consigo inúmeras possibilidades de interpretação.
Ao contrário da pose passiva que se esperaria de um leitor em contato com o livro − o livro como um repositório de informações, o leitor como destinatário −, cada leitor se posicionará em relação ao livro de maneira ativa, interagindo com ele de acordo com o seu nível de conhecimento − escolaridade, meio social, religião, profissão, enfim, o seu ambiente.
Se dois leitores de dois ambientes diferentes lerem o mesmo livro, sem dúvida nenhuma produzirão pelo menos duas leituras diferentes.
A Bíblia, por exemplo, que é uma verdadeira floresta de símbolos, terá variadas interpretações se lida sob a luz das várias teologias, e outras tantas ainda quando lida pelo homem comum ou por um intelectual anarquista.
Livro magnífico que é, a leitura da Bíblia não se esgotará jamais, e as divergências ajudarão a iluminá-la com a serena vela da dúvida e a torturante chama da paixão.
Porque essa é a essência da relação leitor/livro: se cada ser humano é único na imensidão do universo, cada livro será, para cada leitor, uma experiência singular, intransferível.
4 comentários:
Querido Luiz,
Como não lembrar uns versos de um certo e especialíssimo poeta baiano com a leitura do seu texto postado?
"Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar."
(Castro Alves)
Pois é isso, querido amigo, as leituras nos resgatam.
Beijos,
Genny
Luiz,
Refletir sobre a leitura é sempre necessário. O livro é como aquela maçã da foto: só em olhá-la dá vontade de devorá-la. Gosto nuito do livro O demônio da Teoria porque ele aprofunda essa relação leitor/texto/autor. E dá uns toques naqueles ortodoxos que costumam enjaular as obras em gêneros e descartar tudo que não caiba na receita. Um beijão, querido!
Genny,
Valeu pela colocação fazendo a relação poesia e leitura....como sempre suas palavras nos dá conotação e vontade de escrever sempre.
L U I Z
Rita....
Sua gentileza é de uma imensidão incrível....muito boa sua passagem por aqui...vou seguir um pouco de sua leitura...obrigado pela indicação do livro citado...
Valeu..
Um abração bem do seu tamanho e força.
L U I Z
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