sábado, 30 de julho de 2011

Sem medo de pensar

"Sem Medo de Pensar" passeia com as crianças pela história das ideias

"Sem Medo de Pensar" apresenta às crianças a vida e as ideias dos principais pensadores da história e que mudaram o mundo com suas teorias.

O passeio pelo tempo retorna à Grécia, com o surgimento dos primeiros filósofos, os conhecidos pré-socráticos.

"A filosofia desses primeiros filósofos poderia ser descrita como uma 'filosofia da natureza', que pretende responder a uma pergunta muito concreta e ao mesmo tempo ampla (...) isso quer dizer que os primeiros filósofos se perguntavam sobre a origem do mundo e de todos os seres."

A partir de Tales, considerado o primeiro filósofo ocidental, a história avança com Sócrates e seus discípulos. Em seguida, deixando muito claro as divisões de pensamentos e os interesses de cada "escola", apresenta personagens da Idade Média (Santo Agostinho), da Idade Moderna (Descartes), sobre a evolução e subjetividade do homem (Darwin, Freud, Marx) até chegar às teorias da ciência de Einstein e até as mais recentes de Stephen Hawking.

"Sem Medo de Pensar" é um obra que desperta o conhecimento, e além de tudo, um sorriso e uma satisfação de entrar em contato com as ideias que são responsáveis por traçar os caminhos da humanidade, ainda hoje.

"Sem Medo de Pensar"Autores: Denise Despeyroux e Francesc Miralles; Roberto Negreiros (ilustração)
Editora: WMF Martins FontesPáginas: 104
Fonte: Livraria da Folha/www.folha.com
Acesso em 13/08/2011

sábado, 23 de julho de 2011

Fábula Cherokee dos dois lobos

Fábula Cherokee dos dois lobos

Dois anciões da tribo estavam preocupados com um dos garotos que, por se sentir injustiçado, tornou-se agressivo.
O avô do menino o leva para conversar nos ermos da pradaria.
"Entendo sua raiva. Na planície dentro do meu peito, há uma batalha terrível entre dois lobos que vivem dentro de mim. Esses dois lobos tentam dominar o espírito de todos nós."
O garoto se interessa. Ele continua.
"Um é negro como a calada da noite. Seus dentes afiados e tenazes como a raiva, a inveja e o ciúme. Ele caça a tristeza. Suas garras são afiadas como a cobiça, a arrogância e a pena que alguém sente por si mesmo. Esse lobo fareja culpa, ressentimento, inferioridade a quilômetros. Ele busca o orgulho, a glória e a superioridade."
Diante dos olhos brilhantes do pequeno índio, o velho completa.
"O outro lobo é branco. Seu olhar é tranquilizador como o perdão de um pai. seus músculos fortes como a esperança de um amanhecer. Seus pêlos brilham como a serenidade de um lago. Ele fareja paz, humildade e empatia onde estiver. Ele é veloz como um gesto de bondade, audaz como a generosidade. Ese lobo busca verdade, harmonia e fé."
Ambos ficaram em silêncio então. O neto pensou nessa luta.
Então ele perguntou ao avô:
"Qual lobo vence?"
O velho índio então responde:
"Aquele que você alimentar!"

sábado, 16 de julho de 2011

O mito da caverna

O mito da caverna é apresentado pelo grande mestre Platão em sua mais conhecida obra: A república, Livro VII.

No mito, este mundo sensível onde vivemos não é o mundo real. O mundo real é o mundo das ideias. O mundo sensível é uma cópia imperfeita do mundo das ideias, onde cada coisa tem sua ideia correspondente. O mito apresenta algumas pessoas - que seríamos nós no mundo sensível - que estão acorrentadas dentro de uma caverna e não conhecem o mundo externo. Na parede desta caverna, passam sombras de objetos externos provocadas por uma fogueira que está atrás dos objetos. Como os habitantes da caverna não conhecem o mundo externo, então eles pensam que o mundo resume-se àquelas sombras.

Porém o sujeito que escapa da caverna depara-se com o mundo das ideias, que é o mundo do intelecto e da filosofia. Ele é ameaçado pelos ainda presos quando retorna e tenta avisá-los. Matrix é um filme que fundamenta-se neste mito.

Podemos dizer que o mito é uma analogia do mundo sensível na seguinte articulação: a sombra está para a coisa (qualquer que seja a coisa) assim como a mesma coisa está para a sua ideia. Ou seja, a ideia tem mais realidade do que a coisa assim como a coisa tem mais realidade do que sua sombra. A forma da articulação é como em um está sobre dois assim como dois está sobre quatro (1/2 = 2/4): uma analogia simples. E Platão é muito bom em analogias. Aqui tem uma historinha lúdica muito boa do mestre Maurício de Sousa que resume bem o mito.

sábado, 9 de julho de 2011

A caverna


A caverna

(...) é o mundo sensível onde vivemos. O fogo que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (do bem e das ideias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis, que tomamos pelas verdadeiras, e as imagens ou sombras dessas sombras, criadas por artefatos fabricadores de ilusões. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos, nossas paixões e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e permite a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do ser, isto é, o bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível.

O retorno à caverna para convidar os outros a sair dela é o diálogo filosófico, e as maneiras desajeitadas e insólitas do filósofo são compreensíveis, pois quem contemplou a unidade da verdade já não sabe lidar habilmente com a multiplicidade das opiniões nem mover-se com engenho no interior das aparências e ilusões. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma para libertar-se. Conhecer é, pois, um ato de libertação e de iluminação. A paideia filosófica é uma conversão da alma voltando-se do sensível para o inteligível. Essa educação não ensina coisas nem nos dá a visão, mas ensina a ver, orienta o olhar, pois a alma, por sua natureza, possui em si mesma a capacidade para ver.

(M. Chauí, Introdução à história da filosofia. São Paulo:Companhia das Letras, 2002)

sábado, 2 de julho de 2011

O tempo em Platão



O tempo em Platão

Platão argumenta que o tempo (chrónos) “é a imagem móvel da eternidade (aión) movida segundo o número” (Timeu, 37d). Partindo do dualismo entre mundo inteligível e mundo sensível, Platão concebe o tempo como uma aparência mutável e perecível de uma essência imutável e imperecível - eternidade. Enquanto que o tempo (chrónos) é a esfera tangível móbil, a eternidade (aión) é a esfera intangível imóbil. Sendo uma ordem mensurável em movimento, o tempo está em permamente alteridade. O seu domínio é caracterizado pelo devir contínuo dos fenômenos em ininterrupta mudança.

Posto que o tempo (chrónos) é uma imagem, ele não passa de uma imitação (mímesis) da eternidade (aión). Ou seja, o tempo é uma cópia imperfeita de um modelo perfeito – eternidade. Isso significa que o tempo é uma mera sombra da eternidade. Considerando que somente a região imaterial das formas puras existe em si e por si, podemos dizer que o tempo platônico é uma ilusão. Ele é real apenas na medida em que participa do ser da eternidade.