sábado, 26 de março de 2011

O sentido prático da Filosofia


O sentido prático da Filosofia

Filosofia. Ora, a filosofia procura estudar o sentido da vida, descobrir o significado das coisas, o "Por quê?", o "Como?" e o "Para que?".

Que dizer de uma área de estudo presente até mesmo em longas metragens? Matrix é uma boa representação. Resgata a mitologia grega, a etimologia e a filosofia. Isto pode ser percebido em várias cenas do filme. Uma delas quando Morfeu ( segundo a mitologia grega, era um espírito filho do sono e da noite. Que em absoluto silêncio, esvoaçava sobre um ser humano ou pousava sobre sua cabeça e tinha o poder de fazer adormecer e lhe aparecer em sonho ) leva Neo ( que quer dizer novo, ou aquele que renova ) para ouvir o Oráculo ( que é uma mensagem misteriosa enviada por uma divindade ou a própria divindade transmissora da mensagem ) e este lhe pergunta se havia lido a inscrição sobre a porta: "Conhece-te a ti mesmo" ( inscrição sobre um portal de um santuário dedicado ao deus Apolo, na cidade de Delfos - Grécia Antiga ).

Um dos nomes mais conhecidos do meio filosófico é Sócrates. Este, segundo a história, uma vez foi consultar o Oráculo do santuário de Apolo. E teve a seguinte resposta: " Sócrates é o mais sábio dos homens, pois é o único que sabe que não sabe."

Em comparação com o filme Sócrates assemelha-se a Neo. Ambos não se contentavam com as opiniões estabelecidas, com os preconceitos da sociedade, com as crenças incontestáveis. O grande filósofo desconfiava das aparências e procurava a realidade verdadeira de todas as coisas. Com a pergunta "O que é" ( o que é verdade?, o que é mentira?, o que é democracia?, etc. ), ele levava os atenienses a descobrir a diferença entre parecer e ser, entre mera crença ou opinião e verdade.

Como os de Neo, os combates socráticos não eram físicos, eram mentais, do pensamento. Toda a trajetória de Neo até o combate final na Matrix encontra-se também em "O mito da caverna" do filósofo Platão. Mito que, metaforicamente, relata a vivência humana que é forçada a acreditar naquilo que lhe é imposto, sem fazer qualquer tipo de questionamento ameaçador.

"O mito da caverna" nos instiga a, como Sócrates, perguntar "O que é?" e fugir do mundo de aparências em que vivemos. Um claro exemplo é que acreditamos na existência do tempo e que podemos medi-lo com instrumentos como o relógio e o cronômetro, sem questionarmos como, porque e para que.

Nota-se então que nossa vida cotidiana é feita de crenças silenciosas, da aceitação de coisas e idéias que nunca questionaremos por nos parecerem naturais. Cremos que somos seres racionais e, no entanto estamos acabando com o planeta. Cremos que somos capazes de conhecer as coisas e mesmo assim não respeitamos o meio-ambiente, deixando-nos levar pelo capitalismo. Acreditamos na existência da verdade e na diferença entre verdade e mentira.

Somos livres quando queremos ou apenas respeitamos as regras impostas pela sociedade? O que é a liberdade então?

Como é possível que haja duas realidades temporais diferentes, a marcada pelo relógio e a vivida por nós? Como é possível o tempo ser medido num relógio? O que é o tempo? Algo existente ou algo creditado pela nossa consciência?

- Será que percebemos as coisas como realmente são?

Enfim, diante de tantas indagações, tantas dúvidas, antes de tentar resolver os enigmas do mundo externo será mais proveitoso que comecemos compreendendo a nós mesmos.

sábado, 19 de março de 2011

A leitura e o princípio do prazer


A leitura e o princípio do prazer

Não há nada mais chato que ler um livro por obrigação. Espero que não seja este o seu caso. Aliás, tudo o que fazemos forçados é inconvenientemente doloroso. É preciso ter prazer naquilo que se faz.

Com a leitura não é diferente. Além do mais, o tempo dedicado a um livro é relativamente maior que a qualquer outro tipo de fruição intelectual. Aí vem sempre aquela velha desculpa: já não tenho tempo para ler livros. Mas o sujeito tem tempo para ir ao cinema, surfar na Internet, jogar conversa fora com os amigos e outros passatempos que lhe dão prazer.

Por isso, se você gosta de ler mas não tem tempo, ou então você, que está começando agora, e não consegue encontrar um livro que não seja chato, um conselho: experimente a leitura por duas, três, quatro páginas. Se não lhe der prazer, tesón, como dizem os hispanos, esqueça: esse livro não lhe merece. Ou vice-versa.

Porque um livro só é verdadeiramente um livro quando encontra um leitor. Livros que enfeitam estantes são tão inúteis quanto uma roda quadrada. O leitor deve interagir com o livro, deve vivê-lo plenamente, mas sem esquecer que o tempo de fruição é mais elástico que o de outras atividades.

Literatura não é cinema, que é consumido numa única sessão de, em média, duas horas. A leitura de um bom livro exige muitas horas e vários dias de dedicação. E se o prazer se mantém, se multiplica, quem ganha é o leitor.

Uma das mais interessantes teorias sobre a interpretação da obra literária é a estética da recepção, que procura analisar a obra literária em função dos inúmeros tipos de leitor que ela pode ter. Aliás, a verdadeira obra de arte traz consigo inúmeras possibilidades de interpretação.

Ao contrário da pose passiva que se esperaria de um leitor em contato com o livro − o livro como um repositório de informações, o leitor como destinatário −, cada leitor se posicionará em relação ao livro de maneira ativa, interagindo com ele de acordo com o seu nível de conhecimento − escolaridade, meio social, religião, profissão, enfim, o seu ambiente.

Se dois leitores de dois ambientes diferentes lerem o mesmo livro, sem dúvida nenhuma produzirão pelo menos duas leituras diferentes.

A Bíblia, por exemplo, que é uma verdadeira floresta de símbolos, terá variadas interpretações se lida sob a luz das várias teologias, e outras tantas ainda quando lida pelo homem comum ou por um intelectual anarquista.

Livro magnífico que é, a leitura da Bíblia não se esgotará jamais, e as divergências ajudarão a iluminá-la com a serena vela da dúvida e a torturante chama da paixão.

Porque essa é a essência da relação leitor/livro: se cada ser humano é único na imensidão do universo, cada livro será, para cada leitor, uma experiência singular, intransferível.

sábado, 12 de março de 2011

História das ideias

História das ideias

Com este artigo antes já publicado por aqui em anos anteriores, trago neste post a fascinante e envolvente história das ideias e suas filosofias.

A partir da filosofia grega, nasceu a reflexão crítica e a necessidade de explicações racionais para o mundo. Ao contrário do pensamento oriental, que nunca rompeu definitivamente com a prática religiosa, a filosofia ocidental parte rumo a aventura única: entender o mundo dos homens de uma perspectiva antropocêntrica.

Nessa estante de conhecimento, alinhamos obras, autores e escolas filosóficas em uma mostra do que o homem pensou, criou e transformou a partir de suas idéias. Obras e autores se sucedem. Um novo livro é sempre resultado do antigo, serve de base para crítica ou para o próximo.


Fonte e endereço desta matéria:
http://www.superinteressante.com.br/superarquivo/2002/conteudo_266256.shtml
Acesso em 10/03/2011.

sábado, 5 de março de 2011

A memória humana e a escrita


A memória humana e a escrita

O ser humano desenvolveu a capacidade de transmitir conhecimento a seus semelhantes. Talvez tenha sido essa capacidade que permitiu sua sobrevivência como espécie e, certamente, foi ela que lhe deu a supremacia na escala evolutiva.

Nos primórdios da civilização bastou que esse conhecimento fosse transmitido por uma linguagem que misturava sons e gestos. Como isso era transmitido de geração em geração e como quem conta um conto aumenta um ponto, criaram-se histórias fantásticas. Surgiram as lendas das quais até hoje temos notícia.

Durante a era do gelo a humanidade sobreviveu graças à caça de grandes animais, mas ela terminou. O ambiente mudou radicalmente e o ser humano foi obrigado a encontrar outras fontes de alimentação. Daí surgiu a agricultura e, com ela, a sedentarização, a organização social em cidades e o acúmulo de riquezas.
A humanidade percebeu que não havia mais como confiar somente na memória e, por volta do ano 3.100 a.C., surgiu a escrita. No princípio, era um simples rol de riquezas estocadas em armazéns, mas logo o homem começou a usá-la com finalidade religiosa, cultural e comercial.

Com o grande salto cultural dado pelos gregos no período clássico, a escrita tornou-se o principal instrumento na transmissão do saber e, paralelamente, um instrumento de poder político.

No entanto, a escrita não foi aceita por todos. Platão, através de Sócrates em seu diálogo com Fedro, nos traz ao conhecimento uma lenda egípcia. Thot, deus a quem era consagrada a ave íbis, inventou os números e o cálculo, a geometria e a astronomia, o jogo de damas e os dados, e a escrita. Durante o reinado de Tamuz, o deus ofereceu-lhe suas invenções, dizendo-lhe para ensiná-las a todos os egípcios. Mas Tamuz quis saber de suas utilidades e, enquanto o deus explicava, o faraó censurava ou elogiava, conforme essas artes lhe parecessem boas ou más. Quando chegaram à escrita Thot disse que aquela arte tornaria os egípcios mais sábios e lhes fortaleceria a memória. No entanto, Tamuz respondeu-lhe que a escrita tornaria os homens esquecidos, pois deixariam de cultivar a memória. Ao confiar apenas nos livros, só se lembrariam de um assunto exteriormente e por meio de sinais, e não em si mesmos. Os homens tornar-se-iam sábios imaginários.

Nesse mesmo diálogo, Sócrates considera a escrita como algo que limita o pensamento, que engessa as idéias. Um discurso escrito, dizia ele, será sempre o mesmo, repetido inúmeras vezes sem que se possa agregar novas idéias.

Ironicamente, se hoje sabemos muito da filosofia de Sócrates é porque Platão a escreveu.

Analisando a questão frente a nossos conhecimentos sobre a memória humana, podemos, no entanto, afirmar que escrever é uma forma salutar de ampliar nosso banco de dados. Salutar porque é preciso esquecer para poder lembrar. Explicando, nossa memória não pode guardar absolutamente todas as informações que lhe chegam, sob risco de bloqueio. É armazenando somente o que interessa e associando convenientemente os dados estocados que a memória pode ser evocada.

De qualquer forma, a escrita está aí, imutável ao longo do tempo (a não ser, claro, em algumas dessas péssimas traduções com que por vezes nos deparamos), pronta para ser consultada quando precisamos e, sobretudo, liberando o cérebro humano para a associação dos conhecimentos armazenados e a criação de novas idéias.

A título de ilustração, sabe-se que com treinamento intenso e adequado, uma pessoa pode reter uma seqüência de 50, 100 algarismos. No entanto, com papel e lápis qualquer um terá a mesma seqüência guardada, com um mínimo de esforço.

Finalizando, não podemos nos esquecer do que dizia Confúcio......Bem, ele dizia......O que mesmo ele dizia?........Acho que me esqueci, teria sido melhor escrever.