Como conseqüência da inovação tecnológica surgida no século XX e das circunstâncias configuradas na mesma época, a cultura de massa desenvolveu-se a ponto de ofuscar os outros tipos de cultura anteriores e alternativos a ela. Antes de haver cinema, rádio e TV, falava-se em cultura popular, em cultura nacional, componente da identidade de um povo; em cultura, conjunto historicamente definido de valores estéticos e morais; e num número tal de culturas que, juntas e interagindo, formavam identidades diferenciadas das populações.
A chegada da cultura de massa, porém, acaba submetendo as outras “culturas” a um projeto comum e homogêneo. Por ser produto de uma indústria de valor internacional, a cultura elaborada pelos vários veículos então existentes esteve sempre ligada ao poder econômico do capital industrial e financeiro. A “massificação cultural”, para melhor servir esse capital, solicitou a repressão às demais formas de cultura. A cultura popular, produzida fora de contextos institucionalizados, teve de ser um dos objetos dessa repressão altiva. Justamente por ser anterior, o popular era também alternativo à cultura de massa, que por sua vez pressupunha — originalmente — ser dominante como condição essencial de existência.
O que a indústria cultural percebeu mais tarde é que possuía a capacidade de absorver em si os antagonismos e propostas críticas, em vez de combatê-lo. Desta forma, sim, a cultura de massa alcançaria o domínio: elevando ao seu próprio nível de difusão e exaustão qualquer manifestação cultural, e assim tornando-a efêmera e desvalorizada.
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