sábado, 30 de abril de 2011

Walter Benjamin - Magia e Técnica - Arte e Política


Walter Benjamin - Magia e Técnica - Arte e Política

Walter Benedix Schönflies Benjamin nasceu em Berlim, em 15 de julho de 1892 e morreu em Portbou, na data de 27 de setembro de 1940. Era um filósofo e sociólogo judeu alemão.Associado à Escola de Frankfurt e à Teoria Crítica, foi inspirado pelo místico judaico Gerschom Scholem.

Ele afirmava que há laços entre vida e palavra, evidenciando que a consciência decorre das práticas sociais e culturais da educação não formal. Ele dizia que “esse caráter de comunidade entre vida e palavra apóia-se na organização pré-capitalista do trabalho, em especial na atividade artesanal". Afirmava que "o artesanato permite, devido aos seus ritmos lentos e orgânicos, em oposição à rapidez do processo do trabalho industrial, e devido a seu caráter totalizante, em oposição ao trabalho fragmentário do trabalho em cadeia, por exemplo, uma sedimentação progressiva das diversas experiências e uma palavra unificadora".

Walter Benjamin tem razão, pois "o ritmo do trabalho artesanal se inscreve em um tempo mais global, tempo em que se tinha justamente, tempo para contar".

De acordo com ele, "os movimentos precisos do artesão, que respeita a matéria que transforma, têm uma relação profunda com a atividade narradora: já que esta é também, de certo modo, uma maneira de dar forma à imensa matéria narrável, participando assim da ligação secular entre a mão e a voz, entre o gesto e a palavra”. (Gagnebin, Apud Walter Benjamin, 2008, 10 e 11 - Magia e Técnica - Arte e Política).

Walter Benjamin afirma que quando este fluxo que liga mão e voz se rompe, quando não há mais a transmisão de uma experiência, porque as pessoas não se interessam mais umas pelas outras, cada uma passa a viver de forma isolada e neste compasso memória e tradição já não mais existem e o indivíduo se torna isolado. Assim, seguindo desorientado e com base somente em seus próprios recursos pessoais, desorienta-se e não tem mais com quem compartilhar. e torna-se um desaconselhado.

Nesta nova fronteira de tempo, precisamos de novas narrativas, novas fabulações pois as grandes narrativas como a globalização; trabalho para todos, não funcionam mais. Nós teremos que reinventar a vida e construir novos sonhos, num ato criativo de bricolagem de símbolos, significados e valores passíveis de reinvenção permanente e de experimentação livre” (BECK ; BECK-GERNSHEIM E ALAIN EHRENBERG, Apud BENDASSOLI, 2007, 294 - Trabalho e Identidade em Tempos Sombrios).

Parafraseando Benjamin, a narração não é de modo algum um produto só da voz. A alma, o olho e a mão definem uma prática e esta nos deixou de ser familiar, porque o trabalho produtivo foi sendo transformado em tecnologia e o lugar que o trabalho ocupava durante a narração está agora vazio. Sua voz se calou!

Na verdade o narrador é a figura na qual o humano se encontra consigo mesmo e sem narrativas (conjuntas, participativas) o ser humano está despossuído de si mesmo, vagando pela estrada que ao final, não vai dar em lugar nenhum!

Fonte: http://conhecimentoefilosofia.blogspot.com/2011/01/walter-benjamin-magia-e-tecnica-arte-e.html
acesso março 2011

sábado, 23 de abril de 2011

O tempo e a atualidade de Walter Benjamin

O tempo e a atualidade de Walter Benjamin

Um dos intelectuais mais influentes do século 20, Walter Benjamin sempre procurou associar seu pensamento às questões de seu tempo. Sua trajetória intelectual pode muito bem ser lida como esforço de um autor comprometido com a reflexão crítica sobre sua época. Nascido na cidade de Berlim, em 1892, de origem judaica, Benjamin estudou filosofia e literatura nas universidades de Freiburgo, Berlim e Munique. Durante a I Guerra Mundial, emigra para a Suíça, onde, em 1919, obtém o título de doutor na Universidade de Berna, com um trabalho sobre o conceito de crítica de arte no romantismo alemão. Nos anos seguintes, período conhecido na Alemanha como República de Weimar (1919-1933), Benjamin trabalhou como crítico literário publicando em importantes jornais da época.

Uma de suas contribuições foi escrever sobre a chamada perda da experiência.Nos seus relatos, usou como imagem um acontecimento depois da primeira guerra mundial, questionava por que os soldados que voltavam da guerra regressavam sem nada para contar, mudos?

“Não era perceptível ao fim da guerra que os homens que voltavam dos campos de batalha haviam ficado mais silenciosos, não mais ricos e sim mais pobres em experiência comunicável. Se aceitarmos a noção de que a narrativa deriva da necessidade humana básica de explicar a realidade, não é surpreendente que houvesse menos entusiasmo a seu respeito em 1919. Como alguém poderia esperar poder explicar qualquer coisa no mundo onde a tecnologia humana movida pela cobiça humana havia mudado tudo, exceto as nuvens no céu?” (Walter Benjamin)

Por que os soldados voltavam sem nada para contar? Vazios de experiência?Walter Benjamin usou a idéia do Freud, a função permanente da consciência de aparar choques e de reagir a estímulos impede não só a consistência psíquica do que foi vivido, porque não dá para o psiquismo acompanhar e representar, memorizar e criar uma narrativa para o que foi vivido, como impede a transmissão.

Para Freud, isso é experiência, a qual é a obra psíquica de uma vida inteira, ou seja, poder narrar para mim mesmo o que eu estou vivendo e achar que algo disso que eu estou vivendo pode ser transmitido para o outro, de forma em que se cria uma espécie de corrente e a vida não pertence apenas àquele que vive, mas uma vida que se transmite, a sabedoria de vida, o legado.

Para Benjamin, o homem contemporâneo perdeu o valor da experiência, contrapondo a palavra experiência à palavra vivência. Essa vivência que não produz narrativa nem transmissão.

sábado, 16 de abril de 2011

Walter Benjamin... mas com o pensamento na modernidade


Walter Benjamin... mas com o pensamento na modernidade

Em “O narrador”, Benjamin formula uma outra experiência: além de constatar o fim da narração tradicional, esboça a ideia de uma outra narração – uma narração nas ruínas da narrativa, uma transmissão entre os cacos de uma tradição em migalhas; portanto, uma renovação da problemática da memória.

O narrador não tem por alvo recolher os grandes feitos. Deve muito mais apanhar tudo aquilo que é deixado de um lado como algo que não tem significação, algo que parece não ter nem importância nem sentido, algo com que a história oficial não sabe o que fazer. Ou ainda: o narrador e o historiador deveriam transmitir o que a tradição, oficial ou dominante, justamente não quer recordar.

Em “O narrador”[Walter Benjamin et al. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Os pensadores], Walter Benjamin repercorre a história da arte de narrar observando-a de um ângulo que absorve o avanço técnico, mas que percebe a perda de humanismo. Ele anota: “O indício mais remoto de um processo em cujo término se situa o declínio da narrativa é o advento do romance no início da Era Moderna.

O que separa o romance da narrativa (e do gênero épico em sentido estrito) é sua dependência essencial do livro. A difusão do romance só se torna possível com a invenção da imprensa. A tradição oral, patrimônio da épica, tem uma natureza diferente da que constitui a existência do romance. O que distingue o romance de todas as outras formas de criação literária em prosa – o conto-de-fadas, a saga, até mesmo a novela – é o fato de não derivar da tradição oral, nem entrar para ela. Mas isso o distingue sobretudo da ação de narrar. O narrador colhe o que narra na experiência, própria ou relatada. E transforma isso outra vez em experiência dos que ouvem sua história. O romancista segregou-se. O local de nascimento do romance é o indivíduo na sua solidão, que já não consegue exprimir-se exemplarmente sobre seus interesses fundamentais, pois ele mesmo está desorientado e não sabe mais aconselhar.

LIVROS - Onde buscar conhecimento e ensinamentos históricos para superar os desafios da realidade? Walter Benjamin respondeu com a sua prática: nos livros. O conhecimento e a experiência antes guardados na memória, hoje têm o seu lugar de armazenamento privilegiado nos livros. Mas a profusão de informação circulante não nos permite a simplificação hedonista. Experiência de vida e experiência de leitura, quando bem orientadas, podem iluminar o próximo passo.

Os textos críticos dirigidos à questão do poder e do direito (“Crítica da violência, crítica do poder”, de 1921), crítica do que ele denominou de concepção “burguesa”, ou seja, instrumental, da linguagem (“A tarefa do tradutor”, de 1921, e do artigo de juventude “Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem dos homens”, de 1916). Refletiu em vários ensaios críticos sobre questões como a da coleção e do colecionismo (textos sobre coleção de brinquedos e de livros), escritos voltados para a recordação de sua infância (Crônica berlinense e Infância e, Berlim) são profundamente inovadores.

Sua produção crítica era, ao mesmo tempo, teoria da literatura (como as de Proust, Kafka, Brecht, Goethe, Hebel etc). Seu livro sobre o drama barroco alemão, e as reflexões que acompanham as notas de seu trabalho que ficou incluso sobre as passagens de Paris são mais eloquentes. Com Benjamin aprendemos que a cultura é a partir de meados do século 20 toda ela como que transformada em um documento e, mais ainda, ela passa a ser lida como testemunho da barbárie.

Diante das radicais mudanças ocorridas na humanidade ao longo do século XX (século de avanços tecnológicos gigantescos, mas também de uma violência e de uma capacidade genocida nunca antes posta em prática como então) Benjamin procurou “soprar” sobre este novo homem e esta nova paisagem, palavras e imagens que deveriam nos ajudar a perceber nossos novos contornos. Ajudar a realizar o design da humanidade na era da sua reprodução sintética.

A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica, seu texto mais influente no campo da história da arte foi publicado em 1936. Nele, Benjamin trata da perda “aurática” da obra de arte, em função das novas técnicas de reprodução, cujo paradigma estaria no cinema e na fotografia, artes nas quais se perde a distinção entre cópia e original. Ele analisa as conseqüências no desenvolvimento da própria arte, as mudanças na percepção do espectador e os impactos sociais e políticos que se desdobrariam a partir desse novo paradigma.

sábado, 9 de abril de 2011

Crítica da cultura moderna na filosofia de Walter Benjamin...Arte massificada… e exposta


Crítica da cultura moderna na filosofia de Walter benjamin...Arte massificada… e exposta

Walter Benjamin é um importante filósofo do século XX. Ele pertenceu à famosa Escola de Frankfurt, cujos resultados são de uma brutal fecundidade para o pensamento contemporâneo.

“No interior de grandes períodos históricos, a forma de percepção das coletividades humanas se transforma ao mesmo tempo que seu modo de existência”. Essa é a frase dita por Walter Benjamin, na qual percebemos que o homem é totalmente influenciado pelo meio em que vive.

O ser humano que vive no capitalismo pós-industrial é marcado por idéias e concepções lançadas pela indústria cultural, pela indústria que determina o nosso modo de vida por curtos períodos constantes de tempo.

A aura é uma contemplação, uma coisa que aparece distante, mesmo que esteja perto. As massas atualmente, entretanto, não querem o distanciamento! Ao contrário, elas querem ter algo o mais próximo possível, perdendo o caráter único de cada coisa. Logo, a aura é destruída e ao invés da unidade e durabilidade, temos a transitoriedade e repetibilidade (imagem).

Foi também por seguir os conceitos impostos pela sociedade na indústria cultural que o valor de culto (obras criadas a serviço de um ritual) deu lugar ao valor de exposição (obras criadas a partir de sua exponibilidade).

Além disso, Walter Benjamin defende a ideia de que as formas de sensibilidade humana se alteram com essa transitoriedade e repetibilidade das coisas, com essa imagem de reprodução – com a destruição da aura talvez tenhamos perdido a essência de nosso ser.

Talvez tenhamos nos tornado robôs consumistas que simplesmente atendem às regras impostas pela indústria cultural. Talvez perder a aura signifique perder a alma. Talvez a reprodutibilidade técnica não aproxime o indivíduo da obra, como se costuma crê, ao passo que no meu conceito a obra é sua essência, assim como a alma é a nossa.

Impossível seria essa aproximação sendo que não há mais essência, sendo que ela fora destruída com o apelo das massas. Talvez a sociedade apenas acredite que está cada vez mais próxima das obras com a reprodutibilidade, quando na verdade está mais longe, perdendo o seu principal e não podendo assimilar nada devido à transitoriedade que ela espelha.

Walter Benjamin foi um dos maiores pensadores do século XX. Praticando a crítica da cultura moderna, ele atravessou assuntos como literatura, história, cinema, poesia, religião, política, linguagem, ética, arte… Mas jamais deixou a Filosofia como base de sua análise.

sábado, 2 de abril de 2011

Filosofia é o limite!


FILOSOFIA: decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido.

A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de temas selecionados, como os indicados acima. No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma análise da assim considerada primeira proposição filosófica.

Se dermos crédito a Nietzsche, a primeira proposição filosófica foi aquela enunciada por Tales, a saber, que a água é o princípio de todas as coisas [Aristóteles. Metafísica, I, 3].

Cabe perguntar o que haveria de filosófico na proposição de Tales. Muitos ensaiaram uma resposta a esta questão. Hegel, por exemplo, afirma: "com ela a Filosofia começa, porque através dela chega à consciência de que o um é a essência, o verdadeiro, o único que é em si e para si. Começa aqui um distanciar-se daquilo que é a nossa percepção sensível". Segundo Hegel, o filosófico aqui é o encontro do universal, a água, ou seja, um único como verdadeiro. Nietzsche, por sua vez, afirma:

"a filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisália [sic], está contido o pensamento: ‘Tudo é um’. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda em comunidade com os religiosos e supersticiosos, a segunda o tira dessa sociedade e no-lo mostra como investigador da natureza, mas, em virtude da terceira, Tales se torna o primeiro filósofo grego".

O importante é a estrutura racional de tratamento das questões. Nietzsche analisa esse texto, não sem crítica, e remarca a violência tirânica como essa frase trata toda a empiria, mostrando que com essa frase se pode aprender como procedeu toda a filosofia, indo, sempre, para além da experiência.

A Filosofia representa, nessa perpectiva, a passagem do mito para o logos. No pensamento mítico, a natureza é possuída por forças anímicas. O homem, para dominar a natureza, apela a rituais apaziguadores. O homem, portanto, é uma vítima do processo, buscando dominar a natureza por um modo que não depende dele, já que esta é concebida como portadora de vontade. Por isso, essa passagem do mito à razão representa um passo emancipador, na medida em que libera o homem desse mundo mágico.

"De um sistema de explicações de tipo genético que faz homens e coisas nascerem biologicamente de deuses e forças divinas, como ocorre no mito, passa-se a buscar explicações nas próprias coisas, entre as quais passa a existir um laço de causalidade e constâncias de tipo geométrico [...] Na visão que os mitos fornecem da realidade [...] fenômenos naturais, astros, água, sol, terra, etc., são deuses cujos desígnios escapam aos homens; são, portanto, potências arbitrárias e até certo ponto inelutáveis".

A idéia de uma arqué, que tem sentido amplo em grego, indo desde princípio, origem, até destino, porta uma estrutura de pensamento que a diferencia do modo de pensar anterior, mítico. Com Nietzsche, pode-se concluir que o logos da metafísica ocidental visa desde o princípio à dominação do mundo e de si. Se atentarmos para a estrutura de pensamento presente no nascimento da Filosofia, podemos dizer que seu logos engendrou, muitos anos depois, o conhecimento científico. Assim, a estrutura presente na idéia de átomo é mesma que temos, na ciência atual, com idéia de partículas. Ou seja, a consideração de que há um elemento mínimo na origem de tudo. A tabela periódica também pode ser considerada uma sofisticação da idéia filosófica da combinatória dos quatro elementos: ar, terra, fogo, água, da qual tanto tratou a filosofia eleática.

Portanto, a Filosofia pode ser considerada como uma espécie de saber geral, omniabrangente. Um tal saber, hoje, haja vista os desenvolvimentos da ciência, é impossível de ser atingido pelo filósofo.