sábado, 27 de março de 2010

Identidade cultural: a língua como registro


A língua nacional como registro

A literatura popular representa o registro do patrimônio lingüístico de um povo e, nesse sentido, a língua, como matéria prima desse registro, torna-se um elemento de unificação. Por tal razão, a consciência da importância de preservarmos nossa identidade cultural é o primeiro passo para preservarmos a própria cidadania. A língua, como elemento unificador, como espelho de uma cultura; sua sonoridade, sua estrutura, sua elocução, que constituem o sentido histórico e político de uma nação. Sua IDENTIDADE e a identidade de um povo – seus cidadãos.

No início da colonização portuguesa no Brasil , o tupi (mais precisamente, o tupinambá, uma língua do litoral brasileiro da família tupi-guarani) foi usado como língua geral na colônia, juntamente com português, principalmente graças aos padres jesuítas que haviam estudado e difundido a língua. Em 1757, a utilização do tupi foi proibida por uma Provisão Real. Tal medida foi possível porque, a essa altura, o tupi já estava sendo suplantado pelo português, em virtude da chegada de muitos imigrantes da metrópole. Com a expulsão dos jesuítas em 1759, o português fixou-se definitivamente como o idioma do Brasil. Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios e geográficos.

Com o fluxo de escravos trazidos da África, a língua falada na colônia recebeu novas contribuições. A influência africana no português do Brasil, que em alguns casos chegou também à Europa, veio principalmente do iorubá (vocabulário ligado à religião e à cozinha afrobrasileiras) e do quimbundo angolano (palavras como caçula, careca, moleque e samba).

Um novo afastamento entre o português brasileiro e o europeu aconteceu quando a língua falada no Brasil colonial não acompanhou as mudanças ocorridas no falar português, principalmente por influência francesa, durante o século XVIII, mantendo-se fiel, basicamente, à maneira de pronunciar da época da descoberta. Uma reaproximação ocorreu entre 1808 e 1821, quando a família real portuguesa, em razão da invasão do país pelas tropas de Napoleão Bonaparte, transferiu-se para o Brasil com toda sua corte, ocasionando um reaportuguesamento intenso da língua falada nas grandes cidades.

Após a independência (1822), o português falado no Brasil sofreu influências de imigrantes europeus que se instalaram no centro e sul do país. Isso explica certas modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as regiões do Brasil, que variam de acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu.

No século XX, a distância entre as variantes portuguesa e brasileira do português aumentou em razão dos avanços tecnológicos do período: não existindo um procedimento unificado para a incorporação de novos termos à língua, certas palavras passaram a ter formas diferentes nos dois países (comboio e trem, autocarro e ônibus, pedágio e portagem). Além disso, o individualismo e nacionalismo que caracterizam o movimento romântico do início do século intensificaram o projeto de criação de uma literatura nacional expressa na variedade brasileira da língua portuguesa, argumento retomado pelos modernistas que defendiam, em 1922, a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiar as peculiaridades do falar brasileiro que consagrou literariamente a nossa língua como brasileira.

sábado, 20 de março de 2010

Identidade Brasil: a resistência da cultura nacional

Cultura ou produto para consumo?

Desde 7 de setembro de 1822, os brasileiros buscam compreender o que nos une e nos torna uma nação independente e coesa. Nosso modelo político é frágil, pois reproduz, ainda hoje, a relação entre senhores de engenho, leia-se classe médio/alta, e a senzala. Desde muito cedo, quando a chamada “civilização” aportou com suas naus por aqui, convivemos com o espectro do modelo do dominador: ser europeu/estadunidense ou descender deles significa ser civilizado em terra brasilis. Concede um ar aristocrata à família, como se nos fizesse pertencer a uma “casta” mais alta e por isso devessemos ser tratados de maneira diferenciada.

Esquecemos que mesmo os estrangeiros que aqui aportaram, nos vários momentos da história do Brasil, invariavelmente serviram como escravos ou empregados explorados pelos patrões. Sim, nossa grande população descende de anglo-saxões, latinos, asiáticos, negros e gentios que é oriunda do trabalho árduo escravo ou no limiar da escravidão. Por conta de nossa arrogância e ignorância, passamos a acreditar que os únicos traços culturais que possuem valor são os do branco dominador: o Natal, a Páscoa, o Dia das Bruxas entre tantos outros.

O que aconteceu com as nossas celebrações rurais? Com nossas comemorações religiosas sincréticas como a Umbanda, a Congada, a Folia de Reis? Ainda permanecem no canto escuro do preconceito de nossa sociedade que tenta a todo custo arremedar os “gringos” que, por interesses tácitos a sustentação de seus negócios, continuam a nos ditar regras. O mais incômodo de tudo isso é que continuamos a acreditar nestas regras como estabelecidas por seres “que sabem o que fazem pois em seus países tudo funciona”. No meu país tudo funciona. A única coisa que não funciona é o imaginário do brasileiro, principalmente dos “domesticados” pela cultura estrangeira, pelo mundo das revistas de celebridades e pela exposição maciça aos telejornais de jornalismo marrom.

Cansei! Não como os nossos queridos burgueses do movimento, mas cansei de ver nossa cultura explorada como produto, onde transitam parasitas e alpinistas sociais sempre em busca de exposição, sem contribuição ou preocupação alguma com a cultura de nosso país. Parafraseando o português Fernando Pessoa, na pele de Álvaro de Campos: ” Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há brasileiros no Brasil?

sábado, 13 de março de 2010

Cultura brasileira: sintese


Cultura em síntese

A cultura brasileira reflete os vários povos que constituem a demografia do gigante sul-americano: indígenas, europeus, africanos, asiáticos, árabes etc. Como resultado da intensa miscigenação de povos, surgiu uma realidade cultural peculiar, que sintetiza as várias culturas e se revela, especialmente, nos grandes centros urbanos.

Em cada uma das regiões desse vasto país, é possível encontrar, porém, manifestações culturais próprias de cada um desses grupos étnicos, particularmente nos pequenos municípios e comunidades rurais.

No nordeste, nomeadamente na Bahia e no Maranhão, são comuns as festas, os ritos e os ritmos da tradição africana; no norte do País, o folclore e a culinária indígenas; no sul, as tradições européias, das quais merecem destaque a alemã e a italiana, havendo, mesmo, algumas delas que, tendo já desaparecido em seus países de origem, só subsistem no Brasil.

A tensão entre o que seria considerado uma cultura popular e uma erudita sempre foi bastante problemática no país. Durante um longo período da história, desde o descobrimento até meados dos séculos XIX e XX, a distância entre a cultura erudita e a popular era bastante grande: enquanto a primeira buscava ser uma cópia fiel dos cânones e estilos europeus, a segunda era formada pela adaptação das culturas dos diferentes povos que formaram o povo brasileiro em um conjunto de valores, estéticas e hábitos rejeitado e desprezado pelas elites.

Grande parte do projeto estético modernista foi justamente o de resgatar nos campos considerados "nobres" da Cultura (nas artes em geral, na literatura, na música, etc) e até mesmo nos hábitos cotidianos a vertente popular, considerando-a como a legítima cultura brasileira.

sábado, 6 de março de 2010

Identidade da cultura brasileira


e dando continuidade as identidade da cultura brasileira

As manifestações culturais de negros e indígenas são partes importantes na afirmação das identidades étnicas e da tradição. São manifestações que celebram a vida, a morte; que apresentam hábitos artístico, culturais e espirituais. Além disso, a diversidade das culturas, das diferentes visões de mundo e dos diversos modos de viver o cotidiano é um riquíssimo patrimônio da cultura brasileira – já reconhecida em todo o mundo.

A identidade étnico-cultural, portanto, é responsável por estabelecer as bases de como a pessoa interage com o mundo, com a natureza, com a sociedade, entre muitas outras coisas. Esses são alicerces para toda a vida e que começam a ser construídos já nos primeiros anos da criança a partir do convívio com familiares, com os mais velhos, nas escolas, nas comunidades ou nas aldeias onde vive.

Valorizar as identidades e a cultura negra e indígena tem se apresentado como um caminho para assegurar, para as novas gerações, a noção de pertencimento local ou regional, o aumento da auto-estima, a valorização da tradição e a resistência para manter viva a identidade, a preservação e o desenvolvimento regional.